Havia doidos, mas o Zé tava tranqüilo

O Estado de S.Paulo - Segunda-feira, 28 de abril de 2008

seg, 28/04/2008 - 9h23 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Eles fizeram o público vibrar ao descer de rapel a fachada do prédio da Galeria Olido carregando imensos latões que pareciam incandescentes – vazados nas laterais com cortes em diagonal, eram alimentados com sinalizadores desses de navios, que soltavam fumaça e emitiam intensa luz vermelha. Era o início do Bivouac, feérico espetáculo de rua do grupo francês Générik Vapeur, que começou na Galeria Olido e terminou na Praça do Patriarca.

Com roupas, corpos e cabelos pintados de azul, os 20 atores do grupo – cinco deles brasileiros – queimaram dezenas de sinalizadores e muitos fogos de artifício pelo caminho. Sobre um caminhão de som, uma banda de rock de homens azuis marcava o ritmo das coreografias. Criação tipicamente voltada para eventos e festivais internacionais, pela comunicação fácil para além das barreiras do idioma, trata-se de uma super produção para os padrões de grupos brasileiros como o Pia Fraus, cujos bonecos gigantes chamavam atenção no Vale do Anhangabaú.

Vibrante e bem coreografado, o espetáculo do Générik cumpriu o que prometeu: chamou atenção e arrastou o público pelas ruas. Mas para quem acompanhou todo o cortejo, o esperado “grand finale” – a pirâmide na Praça do Patriarca – deixou a desejar. Criação antiga, o desfecho de Bivouac faz referência à queda do Muro de Berlim (1989). Certamente na época de sua estréia a queda de uma pilha de latões deixando à mostra um carro de polícia amassado era mais que mero efeito visual. No clima de festa da noite de sábado o desmoronamento nada significou e resultou bem menos interessante que o som tirado pelos atores batendo latões no asfalto.

Na Praça Dom José Gaspar, também no centro, pouco antes da meia-noite, um público muito mais calmo, acomodado em cadeiras brancas de plástico, aguardava a participação do diretor do Oficina José Celso Martinez Corrêa na programação Piano na Praça. Ele chegou no horário marcado, meia-noite, abriu um vinho e trocou o tradicional cumprimento teatral “merda” por “ouro”. Tocou e cantou músicas de seus espetáculos – Bacantes e Mistérios Gozosos, fez coro com a platéia – “baixai bacantes” – e ainda fez os espectadores levantarem para um exercício de relaxamento do… traseiro. “Eu me considero um músico poeta no teatro. Eu quero criar o musical brasileiro, tenho a humildade dessa pretensão”, discursou. “Já terminou o meu tempo”, disse diante do apelo do público para ficar. Encerrou com Três Apitos, de Noel Rosa. Nesse momento, abriu um sorriso o segurança Djalma da Silva, cuja tensão era visível e contrastava a descontração do ambiente. “Vi que ele tem muitos fãs. Fiquei com medo de alguém subir no palco.”

De Volta MUTANTEMANIA – O culto aos Mutantes, lendária banda que surgiu em 1964, atravessa as décadas e as formações. O projeto Mutantes Depois, do guitarrista Sergio Dias, que resolveu levar a banda adiante depois da saída de seu irmão Arnaldo Dias Baptista e da cantora Zélia Duncan, levou milhares de pessoas ao Palco São João, na madrugada do domingo. Restam Dias e o baterista Dinho Leme da formação original. Eles estão em estúdio gravando um novo álbum de músicas inéditas.A cantora Bia Mendes agradou, mas atua mais como uma vocalista de apoio.

Frases “Isso que está acontecendo aqui é uma prova de que a música brasileira não precisa de gravadoras para acontecer. Viva a internet!”

DIOGO, VOCALISTA DOS PORONGAS

“Estou muito feliz de estar aqui, nesse lugar incrível, com essas pessoas incríveis.”

HELIO FLANDRES, VOCALISTA DO VANGUART

“Para quem não sabe, o Afrika Bambaataa gosta muito do Sampa Crew.”

LOIRA VOCALISTA QUE FOI VAIADA NO SHOW DO AFRIKA BAMBAATAA

“São sou eu que estou dizendo que foram 4 milhões de pessoas, é quem está acostumado a trabalhar com isso. Não me importa se bateu recorde ou não. Que venham quantos couberem.”

CARLOS CALIL, SECRETÁRIO DE CULTURA DE SP