Guia de banheiros ajuda paulistano a driblar aperto

FOLHA DE S. PAULO Com opções escassas, população depende da boa vontade de donos de bares e outros estabelecimentos; alguns cobram taxas   Publicação do Hospital das Clínicas avalia 150 […]

ter, 17/03/2009 - 9h54 | Do Portal do Governo

FOLHA DE S. PAULO

Com opções escassas, população depende da boa vontade de donos de bares e outros estabelecimentos; alguns cobram taxas

 

Publicação do Hospital das Clínicas avalia 150 sanitários públicos da cidade

O vale do Anhangabaú, no centro da cidade, está entre os piores lugares de São Paulo para se ter uma dor de barriga -o único banheiro público do local está em condições lamentáveis.

Para ajudar os paulistanos a driblar esse e outros momentos de aperto, médicos do HC (Hospital das Clínicas) elaboraram o guia “Banheiros em São Paulo. Onde ir? Como fazer?”, que avalia 150 banheiros de alguns dos mais movimentados pontos da cidade e dá dicas de locais a que se pode recorrer nos momentos de sufoco -5.000 exemplares estão sendo distribuídos no HC.

“Tem que ter banheiro. É um problema de saúde pública”, diz Homero Bruschini, urologista do HC e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo os médicos, 15% da população adulta tem dificuldade de reter a urina. O guia também pretende auxiliar quem sofre de incontinência ou problemas de próstata, além de portadores de deficiência e idosos. “Queremos motivar governantes a se preocuparem com o tema.”

Com escassas opções de banheiros públicos, os paulistanos dependem da boa vontade de donos de bares e de outros estabelecimentos. Alguns deles cobram taxas para restringir o uso, enquanto a maioria discrimina quem pode utilizar as instalações, deixando os mais pobres, literalmente, no aperto.

“Sempre dizem que está quebrado”, conta o gari José Geraldo, 62, que afirma já ter cansado de ouvir a mesma desculpa enquanto vê clientes usando o sanitário. O sorveteiro Francisco Souza, 43, vive o mesmo problema. “Há dias em que fico seis, oito horas sem ir.”

A reportagem esteve em dois banheiros públicos, no vale do Anhangabaú e no terminal de ônibus Parque D. Pedro 2º. “Vai entrar aí?”, grita a moradora de rua Gisele Bertoldo, 21, advertindo sobre a imundície do banheiro do Anhangabaú. Gisele conta que, devido à sua aparência, costuma ser barrada em banheiros particulares. Recorre aos da estação República do metrô e ao do terminal Bandeira de ônibus.

No Anhangabaú, o forte cheiro de urina faz arder o nariz e lacrimejar os olhos -que se espremem de aflição ao se deparar com o montante de fezes pelo chão. A dona de uma banca de jornal próxima mostra a base de metal corroída de urina. “Pago R$ 5 por dia para lavarem. Às 7h, quando chego, não respiro.” Já o sanitário do parque D. Pedro 2º, mostrou-se razoável, com trocador para bebê, mas sem papel higiênico.