Gravidez na adolescência diminui 28% no Estado

O Estado de S.Paulo - Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

qua, 22/06/2005 - 10h34 | Do Portal do Governo

Pesquisa mostra queda contínua nos últimos 7 anos; para especialistas, acesso dos jovens paulistas a informações sobre métodos anticoncepcionais é principal motivo

Ricardo Westin

As adolescentes paulistas estão engravidando cada vez menos. Entre 1998 e 2004, o número de nascimentos de bebês filhos de mães de 10 a 19 anos de idade diminuiu 27,9%, segundo uma pesquisa feita pela Secretaria de Estado da Saúde.

Em 1998, nasceram 148.019 crianças de mães adolescentes no Estado de São Paulo (20% de todos os partos). No ano passado, o número de bebês foi de 106.737 (17% dos partos).

A redução dos partos de mães adolescentes em São Paulo ocorreu em todos os sete anos em que a pesquisa foi feita. Esses números, aos quais o Estado teve acesso, acompanham uma tendência nacional e recente de queda da gravidez na adolescência, depois de um aumento ao longo das décadas de 1980 e 1990. De acordo com o último Censo, a taxa nacional de grávidas com até 19 anos havia crescido 14,7% entre 1980 e 2000.

O principal motivo para a queda, de acordo com especialistas, é o fato de os adolescentes terem passado a receber mais informações – principalmente por meio da TV – sobre métodos que evitam a gravidez precoce, como o preservativo e a pílula anticoncepcional. Além disso, esses dois contraceptivos são distribuídos gratuitamente na rede pública de saúde. ‘Quando você soma esclarecimento e acesso, acaba chegando mais perto dos jovens’, diz a demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

A médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente do governo paulista, diz que o fato de os adolescentes conhecerem os métodos contraceptivos não basta para evitar a gravidez precoce. ‘Existe uma distância grande entre conhecer e usar.’

De acordo ela, uma pesquisa do início dos anos 1990 mostrou que 90% dos jovens paulistas sabiam como impedir a gravidez. Por isso, ela dirigiu o Programa de Saúde do Adolescente menos para a apresentação da camisinha e da pílula – conhecidas por meio da TV, da escola, dos amigos ou da família – e mais para o lado psicológico dos jovens. ‘Os meninos têm medo de falhar com a camisinha e as meninas, de não agradar se pedirem que coloquem a camisinha’, conta. Na capital paulista, a Secretaria de Estado da Saúde mantém um prédio chamado Casa do Adolescente, em que os jovens, entre outras atividades, discutem seus receios em grupo e com o apoio de psicólogos.

Apesar de também ter diminuído em relação a 1998, um número que chama a atenção na pesquisa estadual é o de nascimentos de bebês filhos de mães com idade de 10 a 14 anos no ano passado: 3.229. Isso, porém, não se combate com a defesa da abstinência sexual. ‘O jovem está exposto a uma quantidade imensa de coisas que incentivam a sua sexualidade. É impossível querer que ele se abstenha’, diz Elza. ‘Não se deve trabalhar com repressão’, completa Albertina.