Grávida precoce vira avó mais cedo, diz estudo

Folha de S.Paulo - Sexta-feira, 14 de novembro de 2008

sex, 14/11/2008 - 11h59 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Um dos “fatores de risco” para a gravidez na adolescência é ser filha de uma mulher que ficou grávida nessa mesma época da vida. Segundo um estudo feito pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em quase 70% dos casos de gravidez na adolescência, a mãe da jovem grávida também havia dado à luz quando adolescente.

A pesquisa foi feita com cerca de 430 grávidas atendidas na Casa do Adolescente, um centro público de apoio médico e psicológico a jovens, localizado em Pinheiros (zona oeste de São Paulo). Dessas meninas, 86% não queriam ter ficado grávidas naquele momento.

“Não é por falta de acesso à informação ou aos métodos de controle da gravidez. É mais por uma questão psicológica. E acontece em todas as classes sociais”, explica a médica Albertina Takiuti, responsável pelo programa estadual de saúde do adolescente.

De acordo com ela, é comum que os pais dessas adolescentes sejam separados e que, em razão disso, elas vivenciem conflitos psicológicos. “Elas contestam o próprio nascimento. Acham que isso [gravidez] não vai acontecer com elas e acabam se descuidando. Elas também são mais vulneráveis aos desejos de seus parceiros, que normalmente são mais velhos.”

Outra explicação, segundo Albertina, está no fato de algumas mães, pelo trauma da gravidez na adolescência, cobrarem demais das filhas que elas não repitam essa experiência. “Os adolescentes são contestadores, mesmo não se dando conta disso”, diz.

Bárbara Santos, 19, encaixa-se nas conclusões do estudo da Casa do Adolescente. O filho, Luiz Guilherme, nasceu quatro anos atrás. A mãe dela havia ficado grávida aos 16.

“Minha mãe tinha muito medo que minha irmã e eu ficássemos grávidas. Ela ficava brava quando falava disso, mas nunca explicava direito. Essa possibilidade era um terror na cabeça dela. Em casa, não havia muito diálogo. Ela era muito fechada.”

Aos 15 anos, Bárbara ficou grávida logo do primeiro namorado. Eles não usaram camisinha. “Não me arrependo de ter tido meu filho. É a luz da minha vida”, conta ela. “Mas sei que perdi muito. Parei de estudar. Poderia ter curtido mais a vida.” Segundo Albertina Takiuti, educadores e psicólogos devem dedicar especial atenção às jovens nesse “grupo de risco”.