Governo vai ampliar parque no Carandiru

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 21 de março de 2005

seg, 21/03/2005 - 8h52 | Do Portal do Governo

Mais dois pavilhões serão implodidos para dar lugar a centros de informática e de artes

Bruno Paes Manso

Três anos depois da implosão de três dos sete pavilhões do Complexo Penitenciário do Carandiru, que marcou a desativação da Casa de Detenção, em 2002, o governo do Estado vai implodir em junho outros dois pavilhões e iniciar a reforma nos dois últimos que continuarão de pé. A idéia é levar uma escola técnica, um centro de informática, uma escola de cultura e outra de saúde para os antigos Pavilhões 4 e 7.

As ações fazem parte da terceira fase do projeto do Parque da Juventude, que há dois anos já funciona no endereço da antiga penitenciária. Na primeira etapa da obra, em 2003, foram construídas dez quadras poliesportivas e uma pista de skate. Na segunda fase, encerrada em setembro de 2004, as reformas se concentraram no paisagismo de uma área de 80 mil metros quadrados. Ambas custaram ao governo R$ 13,5 milhões.

A última fase é a mais cara e ambiciosa. Depois da implosão dos antigos Pavilhões 2 e 5, o governo pretende reformar os Pavilhões 4 e 7. O edital para a obra foi publicado no sábado no Diário Oficial do Estado e os interessados têm 30 dias para apresentar as propostas.

O governo pretende construir no Pavilhão 4 um centro de informática e uma escola técnica do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

O maior projeto do Pavilhão 7 vai ser tocado pela Secretaria de Cultura. A idéia é fazer uma escola com cursos voltados para quatro áreas culturais: música, restauração, dança e artes cênicas. Vai existir ainda um centro de promoção à saúde, voltado principalmente para a medicina holística. As obras devem ficar prontas em junho de 2006.

Duas fases estão previstas para que o projeto do Parque da Juventude fique da forma como foi inicialmente concebido. Mas, para serem tocadas, o governo espera atrair a iniciativa privada, por meio do programa de Parceria Público-Privada (PPP). Dois grandes prédios serão construídos: um centro de exposições no terreno onde era o Pavilhão 5 e um teatro.

Na parte interna do teatro que consta no projeto, vai haver lugares para 550 pessoas. Na área externa, haverá um palco voltado para o lado de fora, diante de um terreno elevado, que poderá receber platéias de até 25 mil pessoas.

O pavilhão deve custar R$ 6,5 milhões e o teatro, R$ 17 milhões. ‘Ainda precisamos atrair parceiros para fazer estas obras, que dependem do dinheiro da iniciativa privada’, afirma Rubens Jordão, secretário-adjunto da Juventude, Esporte e Lazer. ‘Com os investimentos que faremos na terceira fase, esperamos atrair os empresários.’

O Parque da Juventude ainda está sendo pouco visitado e recebe cerca de 40 mil pessoas por mês. Boa parte da área ainda é fechada pelos muros altos que serviam para dificultar a fuga dos presidiários. Nessa terceira fase do projeto, será derrubada boa parte do muro, cuja altura cairá dos atuais 8 metros para 2. Num segundo momento ele será substituído por grades. ‘Muita gente ainda não sabe que o parque está funcionando’, diz Fábio Lepique, secretário-adjunto da Casa Civil.

A Secretaria de Juventude tem mantido conversas com diretores do Metrô para mudar o nome da Estação Carandiru para Estação Carandiru/Parque da Juventude. ‘Não queremos apagar a história, mas gostaríamos que o novo momento também pudesse ficar registrado’, diz Maurício Sampaio, coordenador de Programas para a Juventude da pasta.

Seriado

Quem entrou no Pavilhão 5 na manhã de ontem levou um susto: o lugar parecia ter voltado no tempo. Ele serve de cenário para a gravação do seriado Carandiru, Outras Histórias, que deve ser exibido em junho, na Globo. Para as filmagens, foram refeitas a decoração das celas, as pinturas, as pichações, os bares improvisados pelos presos, a ala reservada aos travestis. Depois das gravações, o prédio será implodido.