Governo paulista e setor privado investem R$ 3 bilhões no metrô

Valor Econômico - 20/1/2003

seg, 20/01/2003 - 9h40 | Do Portal do Governo

Um dos principais projetos do segundo mandato do governador Geraldo Alckmin, a expansão do metrô na cidade de São Paulo poderá ter um grande avanço neste ano. Trabalha-se em duas frentes: a extensão da linha 2 (da região da Avenida Paulista ao Sacomã, no Ipiranga) e a construção da linha 4 (que ligará a zona oeste ao centro).

Juntas acrescentarão, quando prontas, 16 quilômetros à malha paulistana, que hoje tem 60 quilômetros, e movimentarão mais de R$ 3 bilhões em investimentos, entre recursos de organismos multilaterais, do Tesouro de São Paulo e da iniciativa privada.

A expectativa de que as obras sejam iniciadas no segundo semestre está agitando o mercado de bens de capital para transportes e construção civil. O principal foco dos empresários é a linha 4 do metrô, que terá um regime de concessão inédito no Estado, o de transferir à iniciativa privada a responsabilidade pela operação do trecho. Conforme estimativas do governo, deverá ser investido US$ 1,2 bilhão nas duas fases do projeto.

O edital de licitação da primeira fase da obra foi lançado em dezembro. Se não houver nenhum adiamento, a apresentação das propostas dos nove consórcios qualificados termina no dia 14 de março. Grandes empresas, como Alstom, Andrade Gutierrez e Siemens, estão no páreo.

Para a primeira fase, cuja data de conclusão é 2006, prevê-se a aplicação de US$ 938 milhões em recursos a serem investidos na construção de um pátio para os trens na Vila Sônia e de cinco estações. A maior parte desses recursos será destinada à construção civil e sistemas de energia.

No entanto, para que a data de apresentação das propostas seja mantida, o governo vai ter de derrubar liminares que estão tramitando na justiça. A maioria delas diz respeito a empresas que foram desqualificadas da licitação. ‘Esperamos que esse assunto seja resolvido para que não haja atrasos’, afirma o presidente do Metrô, Miguel Kozma.

O governo também já está trabalhando na desapropriação das áreas que serão usadas para a construção das estações. Cerca de 300 imóveis serão desapropriados. O governo está fechando convênio com a Nossa Caixa para o ressarcimento.

Na segunda fase, quando será lançado um novo edital, prevê-se a aplicação de R$ 328 milhões, na construção de seis estações. Com isso, a linha 4, cuja demanda de passageiros deve chegar a cerca de 1 milhão, contará com 11 estações e 12 quilômetros.

Na segunda fase, a licitação trará uma novidade: os serviços públicos ficarão a cargo da iniciativa privada, por meio de concessão, fato inédito no Estado de São Paulo. ‘Ou alavancamos a participação dos empresários ou continuaremos a nos expandir à velocidade de 2 km por ano’, diz o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes.

A intenção do governo é de lançar o edital de concessão um ano depois do início da primeira fase das obras, quando a construção do pátio estiver a todo vapor e os túneis já tiverem sido abertos. ‘A proposta escolhida será aquela que dará o menor custo para o Estado’, destaca o secretário paulista. O governo espera que a segunda fase, estimada em US$ 328 milhões, seja conduzida pelos empresários.

Para o início da obra, o governo espera contar com financiamentos do Banco Mundial e do Japan Bank for International Cooperation, que devem emprestar US$ 209 milhões cada um.

A linha do Bird já está disponível, enquanto a do banco japonês está em fase final de apreciação. Uma missão brasileira deve ir ao Japão em fevereiro para discutir a liberação dos recursos.

O governo paulista também está trabalhando na extensão da linha 2 do metrô paulistano, para ligar a região da Avenida Paulista ao bairro do Ipiranga. Seriam 4 estações e 5 km de trilhos, com investimentos estimados de R$ 1,2 bilhão.

Para esse trecho, cuja demanda de passageiros deve chegar a 300 mil por dia, o governo espera empréstimo do BNDES.

Roberto Rockmann, de São Paulo