Governo faz levantamento de acervo artístico

Correio Popular - Segunda-feira, dia 17 de julho de 2006

seg, 17/07/2006 - 16h13 | Do Portal do Governo

Medida visa mapear obras de artes existentes em hospitais

Delma Medeiros

DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

delma@rac.com.br

Reunir em um catálogo informações sobre o patrimônio cultural existente nas unidades estaduais de saúde. Este é o objetivo do levantamento que a Secretaria de Estado da Saúde está realizando em seus hospitais, ambulatórios, laboratórios, institutos e direções regionais de Saúde do Estado. O levantamento, que deve estar concluído no final deste mês, abrange mais de cem unidades, das quais 63 hospitais. A idéia é facilitar o acesso da população a esse patrimônio cultural. Em Campinas, um acervo com cerca de 50 obras pode ser conferido no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A começar pela fachada, com painéis em alto-relevo criados pela artista plástica Fúlvia Gonçalves, quem circula pelos corredores do Caism se depara com obras inspiradas como a recriação de uma das madonas de Rafael pela artista Suely Pinotti, ou o painel Proteção, de Jerônimo Noboru Ohnuma, instalada no corredor que leva ao Centro Obstétrico e Berçário. Noboru é professor do Instituto de Artes da Unicamp e um dos incentivadores do projeto. Coube a ele concretizar o projeto do então diretor executivo Luiz Carlos Zeferino, atraindo os primeiros artistas e estimulando-os a produzir as obras expostas no hospital.

A iniciativa vem ao encontro da filosofia do Caism, de considerar todos os aspectos da humanização do ambiente hospitalar, com o objetivo de suavizar o tempo de permanência dos pacientes internados ou que procuram assistência na unidade.

Entre as cerca de 50 obras expostas no Caism, estão também peças de artistas como Luciane Gardesani, Luise Weiss, Marilene Laubenstein e Rejane Cardamoni, entre vários outros. E o acervo deve crescer mais este ano. Logo após as comemorações do 21 aniversário da entidade, na segunda semana de agosto, o hospital promove uma exposição de suas obras de arte. Em sua terceira edição, a mostra, além das obras do acervo, traz peças novas, criadas por alunos do Institulo de Artes (IA) da Unicamp e artistas de Campinas e região. As obras são doadas ao Caism e passam a integrar o acervo do hospital.

As unidades estaduais têm até o final de julho para encaminhar ao Centro de Memória do Instituto de Saúde, que coordena o trabalho, a relação completa de pinturas, gravuras, esculturas e outras obras presentes nas instituições. Segundo o diretor do Instituto de Saúde, Alexandre Granjeiro, a expectativa é que sejam encontradas raridades, já que a Secretaria mantém algumas das unidades hospitalares mais antigas do Brasil, como os institutos Adolfo Lutz, Pasteur e Butantã e os hospitais Emílio Ribas e Psiquiátrico do Juquery. Um exemplo é o Hospital de Clínicas da Universidade São Paulo (USP), que tem em seu avervo estatuetas de Brecheret e os vitrais da capela têm desenhos atribuídos ao pintor Di Cavalcanti. “Reunir as informações sobre as obras de arte nas unidades de saúde é fundamental para a preservação e proteção do patrimônio cultural do Estado” , diz Granjeiro.

Segundo ele, o rastreamento envolve duas etapas: o inventário com informações gerais sobre as obras, e a catalogação, com levantamento sobre valor histórico e cultural das peças. Granjeiro cita ainda que o mapeamento é uma forma de preservar a própria história da saúde, já que grande parte são obras feitas por pessoas da comunidade (médicos, profissionais da saúde e pacientes) e retratam a prática da época em que foram feitas. O catálogo deve ser disponibilizado via internet, reproduzido em cartões e outros.