Governo do Estado divulga lista de postos que adulteram gasolina

Diário de S. Paulo - São Paulo - Sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

sex, 28/01/2005 - 8h32 | Do Portal do Governo

Laudo do IPT mostra que em 84 postos na Capital e em 12 no ABC foram encontrados problemas no combustível

Laudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) concluídos nesta semana mostram que 84 postos de gasolina da Capital e 12 estabelecimentos da região do ABC vendiam gasolina adulterada. A operação, batizada de “De Olho na Bomba” aconteceu em dezembro e no início de janeiro.

As principais irregularidades encontradas nas amostras de combustíveis coletadas durante a fiscalização foram a adição de solvente ou a mistura de álcool anidro à gasolina acima dos 25% permitidos pelas normas da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o que configura adulteração de combustível, de acordo com a assessoria da Secretaria da Fazenda.

Na Capital, as amostras foram coletadas nos dias 14 e 16 de dezembro em 200 postos e, no ABC, no dia 11 de janeiro, em 30 postos. Quando a fiscalização ocorreu, alguns postos foram multados pelo Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem) e pelo Procon. Na ocasião, 42 bombas de gasolina em 17 postos da Capital foram interditadas.

Os laudos do IPT serão enviados hoje para a delegacia especializada em combate à fraudes de combustíveis do Departamento de Combate ao Crime Organizado (Deic). Os proprietários dos estabelecimentos vão responder a inquérito policial por crime contra a economia popular.

Segundo o órgão estadual, os postos não serão fechados porque o IPT não tem poder de polícia para tomar essa medida. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de Petróleo (Sincopetro) há 1,9 mil postos de combustíveis na Capital e mais de 8 mil no estado. A operação já fiscalizou 260 postos de combustíveis desde dezembro de 2003.

Surpresa

A reportagem do DIÁRIO visitou, ontem à tarde, quatro postos da Capital que estão na lista. Todos os responsáveis disseram estar surpresos com a acusação.

No Centro Automotivo Bebel, na Bela Vista, região central, o proprietário afirmou que adulteração deve ter ocorrido com o dono antigo. ‘Comprei o posto no início do ano. Posso garantir que de lá para cá a gasolina está dentro da lei. Fiquei sabendo que no passado o posto havia perdido muitos clientes e teve falta de combustível. Mas não tenho nada a ver com isso’, declarou André Luís Rinaldini. Na vistoria realizada em dezembro foi constatado 81% de teor de álcool na gasolina e a presença de solvente no combustível.

O proprietário do Posto Vencedor, na Barra Funda, também demonstrou surpresa. ‘É uma absurdo. Os técnicos estiveram aqui e não constataram nada. Também não fui notificado. Trabalho com grandes distribuidores e nunca tive problema’, disse Almir Felitte. Em seu posto os técnicos encontraram solvente na gasolina, além de 28% de álcool na gasolina.

Nos outros dois postos visitados os funcionários demonstraram desconhecimento do assunto. No Tuca-Tuca, na Casa Verde, os fiscais encontraram solvente na gasolina. ‘Sempre que o combustível chega a gente faz teste e nunca encontramos nada’, disse a frentista Georgina Lourenço.

O mesmo foi falado no posto Gas Station Serviços Automotivos, no Centro. ‘Tem que ver quem nos vendeu a gasolina’, afirmou Jeferson Figueiroa, caixa do posto.