Governar com os olhos e o coração

Correio Popular - Campinas - 19/9/2003

sex, 19/09/2003 - 9h38 | Do Portal do Governo

Opinião – Eduardo Coelho


Correio Popular – Campinas – Sexta-feira, 19 de setembro de 2003

A vinda do governador Geraldo Alckmin para Campinas e a Região Metropolitana permite refletir sobre as modernas formas de administrar a coisa pública.

A vida atual é complexa, tem diversificado espectro sócio-econômico-político-cultural. Todos concordam que governar é escolher prioridades. Os recursos são limitados, os problemas sociais decorrentes da perversa concentração de renda demandam elevados investimentos em infra-estrutura e em políticas públicas de educação, saúde, habitação, segurança e geração de emprego e renda.

Nenhum governador pode se dar ao luxo de definir prioridades sentado no Olimpo, recebendo informações tendenciosas e interessadas de grupos corporativos, políticos ou empresariais.

Ouvir as pessoas, verificar a realidade e avaliar a importância estratégica de uma obra ou serviço prestado é a única forma de decidir com justiça, eqüidade e racionalidade, pela proximidade com a verdade regional que interessa a cada cidadão e não a grupos específicos.

O que se poderia esperar de um governador? Que administre São Paulo com energia, brigando por seus interesses, que não roube e não deixe roubar, que distribua os recursos vindos do trabalho coletivo como se fosse o seu, que escolha gente competente para gerar políticas públicas e ações concretas de interesse social, que escute, reflita e decida de forma democrática e preste contas de suas ações com transparência.

Embora a classe política esteja sofrendo desgaste que desbanque para a injusta generalização, é notório o respeito e o reconhecimento da população à pessoa do Geraldo e ao governo Alckmin, independentemente da camisa partidária.

Creio que são esses os princípios que trazem o governador à nossa região, uma vez mais. Vem ratificar e fortalecer compromissos, reforçando as ações que já empreendeu, como na entrega do Anel Viário Magalhães Teixeira, o alargamento inadiável da Via D. Pedro I, o início da radical mudança do Trevo da Bosch, o prolongamento da Anhangüera-Bandeirantes, a construção de conjuntos habitacionais, a decisão firme de ampliar o Aeroporto Internacional de Viracopos, de criar a Cidade Judiciária, os elevados investimentos contra a violência, de trazer o Tribunal de Alçada, de consolidar a região metropolitana, a construção de escolas, o apoio à Unicamp e ao Hospital das Clínicas, o apoio às ações das prefeituras regionais, sem preferências político-partidárias.

Quando o governador veio ao parque Ecológico, pôde compreender melhor nossa intransigente defesa daquele espaço.

Nessa reunião, vem aos prefeitos e às lideranças sem que eles gastem recursos com viagens longas, para “passar o chapéu” em busca de verbas. Vem também apontar que a solução dos problemas é regional e não só paroquial.

O governador não faz mais que sua obrigação ao devolver à nossa região as riquezas que carregam o talento e o suor de nossa gente e de nossas instituições organizadas.

Nem mesmo vem buscar aplausos, avesso que é ao culto do personalismo.

A descentralização de governo é a única forma de gerir com racionalidade e modernidade, uma engrenagem tão entranhada de problemas como a locomotiva brasileira.

Queremos todos que essa reunião, à qual comparecem o governador e seu governo todo, crie compromissos sólidos e reitere a importância de nossa região no contexto nacional.

Campinas e região carregam a fama de Primeiro Mundo, por suas potencialidades e riquezas, mas vive problemas graves do Terceiro Mundo, fruto de planejamentos equivocados, de êxodo rural, de políticas que não superaram o enorme déficit habitacional.

Vamos reivindicar com força e determinação, apresentando nossas necessidades, vamos emprestar nossas cabeças à solução dos problemas graves, vamos caminhar para novas conquistas, buscando melhorias na capacitação das pessoas e na oferta de novas fronteiras econômicas, mas vamos reconhecer como singular e histórica a possibilidade de termos, perto de nós, um governo que quer agir com a sensibilidade dos olhos e a justiça do coração.

* Eduardo Coelho é professor da Unicamp e PUC Campinas e diretor geral da Metrocamp, ex-deputado federal, ex-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras.