Golpe no PCC – Estado se impõe ao abalar organização criminosa

A Tribuna - 25/5/2002

sáb, 25/05/2002 - 12h28 | Do Portal do Governo

Editorial

O Governo Estadual finalmente conseguiu provar que tem meios de enfrentar, com eficiência, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital, que atua nos presídios paulistas. A megablitz realizada na última quinta-feira foi uma demonstração de força da polícia, há muito esperada pela sociedade.

O PCC, graças ao seu inegável poder de organização, vinha se consolidando como uma autêntica instituição do crime. Seus líderes comandavam, das celas, um esquema de terror que deixou um rastro de mortes e violência por todo o Estado, inclusive na Baixada Santista, onde o atentado ao Fórum de São Vicente deixou uma vítima fatal.

A cada novo desafio às autoridades, os chefes do PCC reafirmavam sua força, com uma arrogância comparável apenas à brutalidade de seus feitos. A certeza de sua autonomia estava assegurada por uma ampla rede de comunicações, que se estendia desde as penitenciárias até qualquer região de São Paulo, ou mesmo do País.

Ao grampear celulares e identificar centrais telefônicas montadas pela facção, a polícia desferiu um golpe certeiro, capaz de desestruturar o esquema dos marginais, que até agora se imaginavam inatacáveis. Basta notar a ousadia de um dos integrantes da cúpula do comando criminoso, que diante de um delegado afirmou que o Estado ‘‘vai se lembrar’’ do dia da blitz, num claro sinal de que os bandidos pretendem retaliar.

É fundamental, assim, que a polícia aproveite o impacto desta operação bem-sucedida para sufocar de vez qualquer tentativa de contra-ataque. Isolar os líderes do PCC num presídio com bloqueador de celulares foi uma iniciativa importante, que deverá dificultar, ao menos por enquanto, a sua reorganização.

Convém ao Governo do Estado, contudo, não subestimar o risco de uma facção como esta se estruturar de novas formas, nas penitenciárias. Não são bandidos comuns os que estão no seu comando. Além de muito perigosos, eles revelaram uma perfeita compreensão do valor estratégico da tecnologia. Tanto é que a comunicação entre eles ultrapassou os limites de São Paulo, chegando a outros estados, como a Bahia e o Paraná, onde estavam presos vários dos chefões do crime organizado.

Recursos do narcotráfico para financiar uma nova rede certamente não faltarão. Ela só não irá adiante caso as autoridades continuem agindo com rigor e tratando as quadrilhas sem complacência. O PCC está desmoralizado e é preciso aproveitar o timing para completar seu desmantelamento.

A Secretaria de Segurança tem mostrado competência no combate ao crime e é necessário que as coisas continuem assim. A população só se sentirá segura na medida em que o Estado continuar se impondo e voltar a ser temido, ou ao menos respeitado, pelos bandidos.