Gestão participativa fez a diferença em escola estadual

Jornal da Tarde - Sábado, dia 26 de agosto de 2006

sáb, 26/08/2006 - 11h02 | Do Portal do Governo

MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br

Banheiros limpíssimos, cujas paredes oferecem aos alunos a sensação de estar no fundo do mar do desenho animado A Pequena Sereia. Uma equipe pedagógica unida que zela pela autonomia de seus professores em aula e índice nulo de evasão escolar.

Essa é a realidade que a reportagem do JT encontrou ao visitar a EE José Maria Reys, Zona Norte, que conta com cerca de 800 alunos de 1ª à 4ª série. Entretanto, os funcionários que atuam há mais de 15 anos na escola ressaltam que foi um modelo de gestão participativa – implementado há 3 anos por uma nova diretora – o grande responsável por uma série de melhorias.

A vice-diretora Eliana M. de Oliveira, que trabalha há 26 anos na EE José Maria Reys, explica que a escola sempre foi boa, mas somente há 3 anos conseguiu participar do processo pedagógico. “Como as gestões anteriores eram rígidas, ninguém podia colocar novas idéias em prática.”

Descer as escadas só para ver se ninguém subia para conversar com a coordenadora fazia parte da rotina diária da vice-diretora Eliana. “É difícil acreditar que mesmo no comando da coordenação nunca pude participar de cursos fora da escola. Apenas tínhamos de zelar pela ordem”, diz a coordenadora pedagógica Angela Martins, que atua há 19 anos na escola.

Ambiente hostil

Há cerca de 3 anos, a educadora Iris Regina Cabezón, que atua há 22 anos na rede estadual de ensino, encontrou um ambiente hostil ao assumir a direção da EE José Maria Reys. “Para a minha surpresa, os funcionários e a comunidade estranharam a minha maneira de gerir, cuja prioridade não é impor, mas atuar em parceria”, explica

Para driblar a resistência, Iris apostou em algumas ferramentas de gestão que trouxeram resultados. “Como eu tinha o facilitador de 95% da equipe ser composta por professores efetivos, passei a trabalhar a auto-estima do grupo e os incentivei a trazer novas idéias não só para classe, mas para toda a escola.”

Resultados

Aos poucos, a equipe de funcionários se apropriou do espaço dado pela diretora. “Os pais, antes resistentes, logo foram atraídos, pois desde a fachada até os banheiros ganharam vida com novas cores.” Já na pedagogia, a ênfase foi na alfabetização. “Com base no construtivismo, em vez de garantir o entendimento das letras, investimos na competência leitora”, diz Iris.

A adesão da equipe pedagógica a este novo modelo pedagógico foi tão grande que a coordenadora Angela – a quem nunca havia sido dado a oportunidade de capacitação -, hoje é a única professora da região a assumir o cargo de capacitadora do curso Letra e Vida da Secretaria Estadual de Educação. “Ao ter acesso à novas práticas de ensino, me envolvi tanto que me convidaram para formar professores”, diz.

Para a professora da 1ª série Maria Helena Posseti, que atua há mais de 30 anos na rede estadual, as mudanças foram positivas. “Tive dificuldades com o construtivismo, pois, na minha opinião, o método tradicional de ensino trazia resultados. No entanto, a coordenação me incentivou e aos poucos notei que os alunos passaram a aprender mais com a nova pedagogia, que prioriza atividades lúdicas.”