Garfos gigantes vão tirar lixo das margens do Tietê em Salto

O Estado de São Paulo - Quinta-feira, dia 20 de julho de 2006

qui, 20/07/2006 - 10h41 | Do Portal do Governo

Prefeitura da cidade fez teste com sistema que vai remover detritos perto da hidrelétrica de Porto Góes

José Maria Tomazela

O cenário desolador do lixo acumulado nas margens do Rio Tietê, em Salto, a 102 km de São Paulo, está com os dias contados. Equipamentos que lembram garfos gigantes vão remover os detritos no ponto em que as águas convergem para o canal da usina hidrelétrica de Porto Góes, a poucos metros da cachoeira que dá nome à cidade.

O material – garrafas plásticas, pedaços de isopor, latas e restos de madeira – será levado por uma esteira rolante até um conjunto de caçambas, de onde será transportado de caminhão para um aterro industrial. O sistema, resultado de uma parceria entre a prefeitura e a Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae), passou por testes ontem e foi aprovado pelo prefeito da cidade, Geraldo Garcia (PDT). “Vamos tirar grande parte do lixo que vem principalmente da região metropolitana de São Paulo.”

A Emae investiu R$ 700 mil no desenvolvimento, compra e instalação dos equipamentos. A prefeitura vai bancar o transporte e o custo de deposição em aterro industrial, possivelmente de Paulínia, região de Campinas. O sistema foi dimensionado para retirar cerca de 1,5 tonelada – ou 6 metros cúbicos – de lixo por dia. “É um material leve e a quantidade varia muito em função das chuvas”, lembra o prefeito. O importante, segundo ele, é o ganho ambiental e turístico. A cidade, de 102 mil habitantes, é estância turística. “Esse lixo se acumulava a poucos metros das comportas da usina, à vista de todos os passantes pela ponte que fica na entrada mais movimentada da cidade.”

De acordo com o gerente das Unidades de Produção do Alto Tietê da Emae, Humberto do Nascimento Ferreira, o departamento de engenharia precisou desenvolver um projeto específico para Salto. “Temos sistemas de retenção de resíduos em outras unidades, mas nenhum parecido com este.”

Uma grade instalada no canal de adução da usina retém o lixo flutuante. Os garfos, com acionamento hidráulico, recolhem o lixo sobre a grade e o depositam na esteira. A água escorre durante o processo. O sistema, que ontem operou manualmente, será automatizado para funcionar de forma permanente em 30 dias. “Aí vamos ter uma idéia da quantidade do lixo e a freqüência de sua retirada.” Além da Porto Góes, a Emae administra as usinas de Rasgão, Pirapora e Edgard de Souza no Rio Tietê.

O prefeito ainda não sabe quanto a limpeza custará por mês à prefeitura, mas pretende obter uma compensação do governo estadual. “Estamos resolvendo um problema que não é só nosso, por isso buscaremos uma forma de abater pelo menos parte dos custos.”

A população de Salto busca há anos uma solução para o lixo do Tietê. “A cada grande enchente em São Paulo, desce uma quantidade imensa de detritos pelo rio”, conta o prefeito. Ele se lembra que, na década de 90, parou tanto lixo em Salto que ficou impossível ver a água do rio. “Foram vários dias de trabalho para retirá-lo.”

NAVEGAÇÃO

A limpeza do rio vai beneficiar também o projeto de navegação turística pelo Tietê, que está sendo desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Turismo do município. O roteiro abrange 48 quilômetros, de Salto a Porto Feliz, e inclui antigas fazendas de café e açúcar.