Fuzil é o 1º a farejar celular entre detentos

Jornal da Tarde

qua, 05/05/2010 - 9h16 | Do Portal do Governo

Pastor belga concluiu seu treinamento no Brasil e já atua em presídio do interior

Com um ano e oito meses de vida, Fuzil, um pastor belga de Malinois, passou os últimos sete meses em treinamento e é o primeiro cão farejador de telefones celulares do Brasil, e o segundo do mundo. O animal pertence à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que poderá deslocá-lo para outras unidades. Mas já é o novo “funcionário” da Penitenciária Masculina de Ribeirão Preto. Nos últimos dois meses de seu adestramento, ele localizou ali 13 celulares na ala externa de progressão (regime semiaberto). “É mais uma ferramenta no nosso serviço “, diz o diretor da penitenciária, Paulo Cesar de Barros.

“O cão é dócil e maleável, e fareja até no meio das pessoas”, comenta Barros. Isso significa que o cão pode farejar entre os presos, mas não os detentos diretamente, já que tal medida é proibida. Em caso de suspeita, os presos devem ser revistados por agentes penitenciários.

Não é preciso esvaziar celas para que o cão faça o seu serviço. Objetos, pacotes e veículos que entram no presídio são farejados por Fuzil, que recebe uma premiação pelo sucesso, como incentivo à sua ação: um alimento ou uma bolinha de tênis para brincar.

Aparelhos e baterias, carregadas ou descarregadas, são farejados pelo cão, adestrado para localizar odores de produtos que contêm silício, material usado nesses equipamentos.

No Estado, existem outros cães, de outras raças, ainda em treinamento para esse fim. Mas foi o pastor belga de Malinois quem deu a melhor resposta até agora. Fuzil, nascido em Goiânia, filho de mãe canadense e pai belga, agora é motivo de preocupação para cerca de 1.400 presos, que terão dificuldades em burlar o seu faro. O animal vive entre 12 e 14 anos e sua “vida profissional” deverá ser de seis anos. “Nesse tipo de trabalho, ele é o único do País e o segundo do mundo”, afirma o seu adestrador, o agente penitenciário Cristiano Alex Sampaio. Segundo ele, um cão estaria em atividade nos Estados Unidos, já com sucesso nesse tipo de operação. “Tentaram usar cães na Inglaterra, mas não deu certo”, diz Sampaio.

O canil da Penitenciária de Ribeirão Preto existe desde 2001. Além de Fuzil, outros 20 cães (raças pastor alemão e rottweiler) são usados nas vigilâncias interna e externa do presídio. Fuzil é um bom aliado de agentes penitenciários e da Polícia Militar, pois apreensões de celulares, usados por detentos para articulações criminosas, são constantes. Por isso, o Ministério Público Estadual (MPE) moveu ação civil contra cinco operadoras de telefonia celular para que elas bloqueassem os sinais em cinco presídios da região (três na cidade e dois em Serra Azul). Uma liminar foi concedida contra as operadoras, mas o Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo suspendeu-a em março.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, que cuida de 147 unidades prisionais, só em 2008 foram apreendidos 7.723 celulares nos presídios (média de 644 por mês).

LIGAÇÃO ENCERRADA

644 CELULARES

foi a média mensal de apreensões em penitenciárias paulistas em 2008, onde foram localizados 7.723 aparelhos