Fuvest abre segunda fase com redação sobre mundo digital

O Estado de S.Paulo - Segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

seg, 07/01/2008 - 14h19 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Ontem, no primeiro dia da segunda fase do vestibular da Fuvest – o mais concorrido do País -, 2.025 dos 37.334 candidatos deixaram de comparecer à prova de português e redação. A abstenção, de 5,42%, foi praticamente idêntica à do ano passado, quando faltaram 5,41% dos candidatos.

Para a maioria dos vestibulandos ouvidos pelo Estado, o teste foi tranqüilo. O tema da redação, “mundo digital”, agradou aos candidatos. A prova trouxe três textos que serviram de base para a elaboração da redação. Um deles, publicado pelo Estado em outubro de 2007, anunciava a criação da World Digital Library (Biblioteca Digital Mundial), um projeto da Unesco que reunirá grandes obras sobre filosofia, história, religião e ciência para consulta pela internet.

Marina Nunes, de 17 anos, que tenta uma vaga no curso de Gestão Ambiental, conta que a prova “acabou com o mito de que é impossível” ser aprovado na Universidade de São Paulo (USP). “Achei muito fácil o tema da redação, mas o risco é cair no óbvio, falar o mesmo que todo mundo”, afirmou. Heluza Caldeira de Jesus, de 16 anos, que prestou como treineira na área de Ciências Humanas, concorda: “Achei o nível da prova bom, não é o monstro que a gente espera da Fuvest”, disse.

Já o candidato a uma vaga no curso de Filosofia, Cássio Amoras, de 19 anos, afirma que o maior desafio foi a parte de interpretação de texto. “Mesmo nas questões sobre literatura, o mais difícil era interpretar os textos. Não li os livros, apenas as resenhas, mas mesmo assim acho que fui bem”, conta.

Para José Correia do Carmo Neto, de 17 anos, que também está prestando Engenharia Química na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a prova de português da Fuvest foi a mais fácil de todas. “Como estou muito familiarizado com o tema, foi fácil encontrar argumentos para desenvolver bem o texto.”

João Miguel Tavares, de 17 anos, que concorre a uma vaga em Ciências Contábeis, entrou confiante para a prova. Na saída, porém, tinha dúvidas sobre seu desempenho. “A parte dissertativa estava fácil, mas a redação foi genérica demais. Acho que não fui muito bem.”

BARRADOS

Em Campinas, 135 dos 2.682 alunos que deveriam fazer a prova de português na cidade faltaram. Segundo informou o coordenador local do vestibular, Paulo Leite, a abstenção foi um pouco maior do que no ano passado, quando 4,3% dos alunos deixaram de fazer as provas da segunda fase.

Em Jundiaí, dois alunos deixaram de fazer a prova por causa de atraso. A estudante Juliana Melleiro, que concorria a uma vaga no curso de Pedagogia, chegou às 13h19 no único local de exame, a Universidade Paulista (Unip). “Confundi com o horário da Unicamp”, disse ela, calma, já que concorre a vagas em outras duas universidades, no curso de Música.

O humor do outro estudante, que chegou 12 minutos após as 13 horas e não quis ser identificado, não era o mesmo. O vestibulando saiu às 12h25 de Franco da Rocha, acompanhado da mãe, e se perdeu no caminho para a cidade vizinha. Entre outros motivos do desespero estava o fato de o estudante ter passado para a segunda fase em um dos cursos mais concorridos, o de Medicina. “Eu imploro. Eu imploro para vocês me deixarem entrar”, dizia ele na portaria da universidade, chorando. Não adiantou. A coordenação informou que, por ser um concurso público, não há exceções em casos de atraso. Na cidade, dos 714 vestibulandos que deveriam fazer a prova, 37 (5,1%) deixaram de comparecer ao local do exame. No ano passado, o índice de abstenção em Jundiaí foi de 4,6%.

PRECAUÇÃO

Em São Paulo, o portão da Faculdade de Educação da USP só abriria às 12h30, mas uma hora antes a entrada já estava povoada de candidatos para fazer a primeira prova.

Precavidos, muitos estudantes preferiram chegar antes para conferir a sala e ler os resumos de livros em um canto, como fez Ana Karol de Oliveira Carboni, de 17 anos. Na busca por uma vaga no curso de Lazer e Turismo, ela preferiu não arriscar no horário. “Acordei mais cedo e minha mãe me trouxe para eu ficar tranqüila esperando.”

Minutos antes da prova, tinha gente roendo as unhas e de olho no relógio. “Sou neurótica com horário, então me levantei às 8 horas para não ter perigo”, disse Juliana Andreis Waetge, de 17 anos, candidata ao curso de Física.