De São Paulo
O ano passado ficará na memória da Fundação Para o Remédio Popular (Furp). O laboratório farmacêutico do governo paulista registrou o maior faturamento da sua história. Fundada em 1968, a companhia, que entrou em operação somente em 1974, registrou uma receita de R$ 193,8 milhões, o que significou um acréscimo de 27,96% em relação a 2002.
Edson Massamori Narazoni, superintendente da Furp, explica que a companhia contou com um reajuste de 11% nos preços dos remédios e com a venda de medicamentos de maior valor agregado para alcançar a performance inédita. ‘Introduzimos a amoxicilina, por exemplo, que é mais cara que a ampicilina’, exemplifica Narazoni.
Apesar do desempenho recorde de 2003, a companhia deverá voltar a superar a receita do ano passado. Com investimentos de R$ 6,5 milhões, a Furp está elevando a sua capacidade de produção anual, que deverá passar de 2,1 bilhões para 2,2 bilhões de unidades. Dos R$ 6,5 milhões, cerca de R$ 1,5 milhão foi gasto em 2003. O restante está programado para 2004.
Mais capacidade produtiva, combinada com um reajuste de preços que deverá oscilar entre 6% e 7% em 2004, deve elevar a receita da Furp para R$ 240 milhões neste ano.
Instalado em Guarulhos (SP), o laboratório do governo paulista tem uma linha de operação que fabrica 1,4 bilhão de unidades por ano. A diferença é preenchida por meio de contratos de terceirização, que contemplam duas ou três empresas. Os investimentos recaem, justamente, sobre o montante fabricado pela Furp. E acrescentam as 100 milhões de unidades.
Essa segunda linha será construída em Guarulhos. Além da unidade nesse local, o laboratório toca o projeto da sua segunda fábrica. Definida para ser construída em Américo Brasiliense (SP), que fica a 285 quilômetros da capital paulista, a operação ainda não saiu do papel. Mas é uma questão de tempo.
Orçada em R$ 115 milhões, a obra já recebeu o sinal verde do governo paulista, que autorizou a liberação de R$ 22 milhões em 2004. Os recursos serão usados na primeira fase, que contempla a construção do edifício industrial. Do valor total do projeto, R$ 45 milhões serão utilizados para adquirir equipamentos. E o restante será usado na construção civil e obras de infra-estrutura.
‘Nós já definimos algumas coisas. Está certo, por exemplo, que Américo Brasiliense receberá a produção de injetáveis, que sairá de Guarulhos’, afirma o superintendente da Furp. Ele afirma que a medida não resultará em demissões. Segundo ele, Guarulhos terá um quadro de pessoal próximo de mil funcionários. Já Américo Brasiliense vai contar com 300 empregados. A nova fábrica deverá estar pronta no fim de 2005.
De acordo com o desenho do empreendimento, a nova unidade da Furp terá capacidade para produzir 1,8 milhão de unidades de injetáveis/mês em cada turno, além de outros produtos. A operação também permitirá realizar alguma expansão industrial, o que abrirá a chance de ingressar em outros negócios.
Fabricante de pelo menos quatro drogas do coquetel que trata os pacientes com vírus HIV, a Furp vende apenas para o setor público e não pretende negociar no canal privado. A receita da empresa divide-se pelos governos estaduais (50%), municipais (15%) e federal (35%).
Com 5 mil clientes cadastrados, a empresa estatal atende todos os estados do país. No portfólio, tem 60 produtos.
(MC)