Sonia Moraes
A Ford Motor Company do Brasil vai iniciar em janeiro um novo ciclo de investimentos nas suas fábricas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e de Taubaté, no interior de São Paulo. O vice-presidente mundial da empresa na América do Sul, Antonio Maciel Neto, disse que a utilização de crédito de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – decreto assinado na semana passada pelo governador Geraldo Alckmin para estimular as empresas a investirem em São Paulo – será muito importante para a montadora, que foi a primeira a apresentar o projeto ao governo do estado.
‘É preciso ampliar a produção de motores em Taubaté, antes de definir um novo automóvel para a unidade de São Bernardo do Campo’, destacou o presidente, sem detalhar os valores.
Maciel Neto disse que a fábrica de Taubaté está operando no limite da sua capacidade em três turnos de produção e, para atender a demanda do mercado interno e externo, a empresa a partir de fevereiro vai trazer motores da sua subsidiária da África do Sul, a única que também produz motores Zetec RoCam.
Aumento de capacidade
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Valmir Marques, com o investimento de US$ 10 milhões para 2005, já acertado com o Sindicato dos Metalúrgicos, a fábrica de Taubaté aumentará a sua capacidade de 1.050 para 1.300 motores por dia e, além disso, serão contratados 262 funcionários.
De acordo com o decreto assinado pelo governo do estado, as empresas poderão usar crédito acumulado a partir de R$ 25 milhões para projetos de valor igual ou superior a R$ 50 milhões.
O critério de utilização do crédito do imposto beneficia principalmente as empresas exportadoras. Isso porque o ICMS é um imposto de valor agregado e como as exportações são isentas desse tributo, o estado precisa devolver às empresas exportadoras o imposto pago em cada fase da cadeia produtiva, informa comunicado distribuído pelo governo paulista.
De acordo com o governador Alckmin, atualmente, São Paulo devolve, limitado por empresa, R$ 450 mil por mês. Com o decreto, o governo poderá fazer uma devolução mais rápida em volume maior para investimento em São Paulo.
Sem detalhar valores, Maciel Neto disse que a Ford tem muito crédito acumulado de ICMS com o crescimento das exportações. No ano passado, as vendas externas da montadora cresceram 44%, para US$ 789,1 milhões e em 2004, a previsão é que chegue a US$ 1,1 bilhão. ‘Para 2005 a expectativa é que tenha um crescimento de 5% a 10%’, disse Maciel Neto.
O presidente da montadora disse ainda que em 2004 a montadora terá o seu primeiro lucro na América do Sul, região que representa 5% do faturamento mundial da Ford. No terceiro trimestre deste ano a operação sul-americana fechou com lucro líquido de US$ 96 milhões.
O presidente da Ford não quis dar detalhes sobre o novo carro que a empresa planeja produzir em São Bernardo do Campo. Mas destacou que em 2005 ‘a indústria automobilística vai crescer no segmento de entrada’ – modelo que não garante lucro para as montadoras. ‘Hoje temos 12,5% de participação no mercado, sendo que 2 pontos percentuais vêm dos modelos da base’, destacou Maciel Neto.
