Foco na ovinocultura paulista

O Estado de S. Paulo – quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

qua, 30/01/2008 - 19h42 | Do Portal do Governo

O Estado de S. Paulo

O produtor rural Luiz Carlos Sanches Varella, o Carlito, e sua família pesquisaram muito antes de trocar o gado leiteiro e de corte e o pomar de laranja da Estância Sachola, em Ribeirão Bonito, região de São Carlos (SP), pela ovinocultura. Leram tudo sobre ovinos, fizeram cursos, conversaram com criadores e pesquisadores. Até que finalmente partiram para a formação de pastos de capim aruana e trouxeram as primeiras 16 matrizes da raça santa inês para a propriedade há quase três anos. Nesse período, ainda, os três funcionários da propriedade também fizeram cursos sobre ovinos.

Mesmo com tanta informação, além de uma pequena criação inicial para praticar, Carlito e sua família não deixaram de cometer erros. ”Houve uma ocasião em que, em uma semana, morreram cinco matrizes, por erro de manejo; em outra, perdi borregos por erro na dosagem de vermífugos”, diz o criador. ”Não desistimos, mas perder animais é desanimador.” Entre erros e acertos, o rebanho deslanchou e hoje já conta com 350 animais, sendo 280 matrizes.

Consolidação

É justamente para fortalecer a assistência a esses pequenos criadores e à cadeia produtiva, evitando que erros simples de manejo levem à desistência de uma atividade de grande potencial no Estado, que o Instituto de Zootecnia, da Secretaria de Agricultura paulista, criou o Programa de Consolidação da Ovinocultura.

Entre os objetivos, conforme o pesquisador do IZ Eduardo Cunha, está a criação de um programa único para São Paulo. ”A Secretaria tem unidades de pesquisa em todo o Estado”, diz Cunha. ”Com ovinos, porém, há trabalhos conflitantes e até semelhantes, pois não há integração.”

Assim, enquanto o IZ servirá como coordenador dessas pesquisas em relação aos ovinos, as unidades regionais focarão em pesquisas que sirvam às características de cada região. ”Não adianta, por exemplo, uma unidade estudar o capim aruana desde o início, já que o IZ já estuda essa gramínea há 15 anos. O que a unidade fará é testar a adaptabilidade do capim à sua região.” Para estruturar melhor o setor e difundir tecnologia, o IZ continuará dando cursos e dias de campo, além de dispor de várias publicações sobre ovinos.

”Queremos nos aproximar mais não só do produtor, mas de toda a cadeia, que está crescendo rapidamente”, diz Cunha. Segundo a Secretaria da Agricultura, o rebanho paulista de ovinos, que em 1995/96 era de 440 mil cabeças e 9.252 propriedades, atualmente é de mais de 1 milhão de matrizes e 12 mil propriedades, mas São Paulo ainda importa 60% do que consome de carne ovina.

Movimentação

Diante do rápido crescimento do setor, outras instituições movimentam-se para melhor estruturá-lo. Como a Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco), que, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-SP), idealizou um curso de formação de mão-de-obra em ovinocultura. ”É um curso gratuito para formar mão-de-obra”, diz o presidente da Aspaco e da Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos do Estado de São Paulo, Arnaldo dos Santos Vieira Filho.

As primeiras turmas do curso, que trata de sistemas de produção; forragens e conservação de forragens; alimentação; manejo reprodutivo e sanitário (verminoses e ectoparasitas e principais doenças), além do custo de produção, foram formadas em 2006.

”Um dos principais gargalos da ovinocultura é a falta de informação tecnológica, principalmente para os pequenos produtores de carne”, diz o veterinário e gestor estadual de Ovinocaprinocultura do Sebrae-SP, Sílvio César de Souza.

Além de atuar na capacitação desses produtores, com vários cursos e palestras, o Sebrae atua na divulgação do sistema de confinamentos coletivos. ”Falamos de custos, administração e tecnologia de criação”, resume Souza.

Durante a Feira Internacional de Caprinos e Ovinos (Feinco), que será realizada entre 11 e 15 de março na capital, os produtores também poderão trocar experiências, participar de palestras, cursos e do 3º Congresso Internacional Feinco. O crescimento do evento, que está em sua quinta edição, é patente, segundo o diretor-geral, Décio Ribeiro dos Santos. ”A Feinco dobra de tamanho a cada ano”, diz. ”Este ano teremos mais de 300 expositores; em 2007, foram 150”, diz.