Flotação do Pinheiros começa terça

Diário do Grande ABC - Santo André - Sexta-feira, 16 de abril de 2004

sex, 16/04/2004 - 9h48 | Do Portal do Governo

Andrea Catão

O governo do Estado inicia no próximo dia 20 os testes do sistema de flotação nas águas poluídas do Pinheiros, que, se derem certo, vão permitir o bombeamento do rio para o braço Taquacetuba da Billings. Os testes devem durar pelo menos um mês. A data prevista para que a água tratada por flotação comece a chegar no reservatório é 20 de maio. O anúncio foi feito nesta quinta por técnicos da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), Petrobras – que bancou o projeto de R$ 60 milhões – e DT Engenharia. Eles acompanharam um grupo de deputados à estação elevatória de Pedreira, em São Paulo, onde a água é lançada do Pinheiros para a Billings, ao lado da qual está a estação de flotação.
Deputados da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia visitaram a estação para ver o seu funcionamento. Entre eles estavam Donisete Braga (PT-Mauá), presidente da comissão, e Ricardo Tripoli, que lançou o sistema em 2002 quando era secretário estadual de Meio Ambiente.

O sistema deveria ter sido posto em funcionamento há um ano, mas uma liminar obtida pela Procuradoria do Meio Ambiente do Estado impediu os testes. No mês passado, a liminar foi cassada.

O representante da Emae, Ítalo Bazzaro, acredita que a razão de muitas pessoas irem contra o projeto é “imaginar que a água será usada para consumo humano”. “Para o controle de cheias em São Paulo, bombeamos as águas do rio para a represa em condições bem piores. Só que no processo de flotação a água vai para o reservatório tratada, mesmo quando ocorrer enchentes. E esse braço da Billings não é usado para consumo no Grande ABC”, disse. A Sabesp bombeia cerca de 4 m³/s de água do braço Taquacetuba para a represa de Guarapiranga, que abastece a capital. A água flotada, entretanto, deve demorar, cerca de 150 dias até atingir o ponto de captação.

A mesma afirmação foi feita pelo engenheiro civil João Carlos Gomes de Oliveira, da DT Engenharia, que desenvolveu a tecnologia e patenteou o sistema. “Usamos esse mesmo processo nas águas da baía de Guanabara e a enviamos para o piscinão de Ramos (Rio de Janeiro). Esse sistema foi colocado em funcionamento há mais de sete anos também no Estado de São Paulo, como no Guarujá e no projeto Pomar, do rio Tietê”, afirmou ele.

Segundo Oliveira, a água flotada do Pinheiros terá “qualidade superior” a da represa Billings, que recebe esgoto doméstico em grande escala.

A flotação é um sistema de despoluição que consiste em despejar nas águas do rio produtos químicos que aglutinam, em flocos, a sujeira em suspensão. Uma injeção de ar faz com que os flocos flutuem, permitindo que sejam arrastados para fora da água. A capacidade do sistema criado no Pinheiros é de até 50 m³/s de envio da água flotada para a Billings. Quando entrar em funcionamento, a intenção é reverter 10 m³/s de água do Pinheiros para a Billings.