Editorial
Por pouco não foi cancelada a já tradicional comemoração pública do Réveillon da cidade de São Paulo, que tem lugar na avenida Paulista. Não fosse a oportuna intervenção de associações comunitárias, a administração municipal teria optado por suspender o evento, que no último ano levou cerca de 2 milhões de pessoas à avenida que simboliza a metrópole. Seria uma perda a lamentar numa cidade onde são poucas as opções de lazer gratuito.
Mesmo assim, os motivos alegados para o cancelamento não foram descabidos. Segundo a prefeitura, a decisão teria sido tomada devido ao temor de que a posse do prefeito José Serra, marcada para o dia 1º de janeiro, gerasse um perigoso vazio de poder: no caso de ocorrer algum incidente mais grave, haveria o risco de falta de agilidade e coordenação das autoridades municipais para tomar as providências necessárias. Além disso, seria uma medida de contenção de gastos diante do atual quadro de penúria dos cofres municipais.
Apesar desses obstáculos, a festa acontecerá graças a uma elogiável demonstração de cidadania de alguns paulistanos. Diante da notícia de que não haveria comemoração, entidades comunitárias mobilizaram-se e conseguiram o apoio do Governo do Estado, que, por seu turno, viabilizou o patrocínio de uma empresa de telefonia. O esforço acabou sendo coroado com a adesão da própria administração municipal, que, na última hora, decidiu firmar uma parceria com o Estado para apoiar a realização do evento.
Comemorações públicas de ano novo são praxe nas grandes metrópoles do mundo. Seria lamentável que São Paulo, a maior cidade brasileira, ficasse sem a sua. Melhor que a mobilização de alguns cidadãos tenha impedido que isso acontecesse.
