Do Jornal da Tarde
Abrir mão da liberdade para poder jogar uma partida de futebol pode parecer loucura. Mas foi justamente isso que sete internos da unidade Rio Dourado, em Lins, da Fundação Casa (ex-Febem) fizeram. Prestes a serem liberados, os garotos fizeram um pedido formal ao diretor de Lins, Marcelo Gil, para não saírem de lá até o término da Copa Casa de Futebol. E o esforço valeu a pena: eles sagraram-se campeões.
A partida final foi disputada ontem, em pleno estádio do Morumbi, antes do clássico entre São Paulo e Palmeiras. O placar de 4 a 2 contra o time da unidade Rio São Francisco, no bairro do Brás, garantiu o título para a equipe de Rio Dourado.
A taça e as medalhas de campeão, porém, não são os únicos ganhos dos adolescentes. Segundo o gerente da área de educação física e esporte da Fundação, Carlos Alberto Robles, a maior importância da competição é ajudar na ressocialização dos internos. “Nosso foco principal não é formar atletas que possam sair da internação direto para clubes. Apesar de isto poder acontecer, o ponto principal é trabalhar na ressocialização deles, por intermédio da integração com os professores”, diz.
Há sete anos coordenando programas esportivos nas unidades da Fundação, Zé Maria, lateral direito do Corinthians na década de 70, concorda: “É um trabalho árduo, mas que vale a pena. Através do esporte, acabamos conseguindo passar motivação para os meninos. Mostrar que existe um outro lado, mesmo que não seja se tornando um jogador profissional. O esporte ajuda a dar abertura para eles se interessarem por escola e cultura”.
O ex-jogador ainda fez questão de ressaltar que os treinamentos e as competições disciplinam os internos. “Eles aprendem a ter disciplina, pois sabem que se fizerem algo errado não poderão jogar. E nenhum deles abriria mão de jogar no Morumbi”, fala.
Além de futebol, a Fundação organiza campeonatos de basquete, vôlei, xadrez, skate e handebol.
