Festival Música Nova abre as portas da experimentação

O Estado de São Paulo - Quinta-feira, dia 10 de agosto de 2006

qui, 10/08/2006 - 11h11 | Do Portal do Governo

Evento, que vai até o dia 22, começa hoje com exibição de documentário sobre seu criador, o compositor Gilberto Mendes

João Luiz Sampaio

A exibição do documentário A Odisséia Musical de Gilberto Mendes, do cineasta Carlos Mendes, abre hoje a 41ª edição do Festival Música Nova. A escolha é justa. Durante 40 anos, Mendes, um de nossos maiores compositores, lutou para manter vivo o evento, o mais antigo festival de música brasileiro – o que é especialmente importante se pensarmos que sua proposta é revelar o que de mais novo e experimental há na produção musical. “Quando há três anos o Centro Maria Antônia passou a ajudar na organização do festival, pensamos: o Gilberto está na idade de ser homenageado e não de ficar lutando para não deixar o festival desaparecer”, conta Lorenzo Mammi.

Mammi e o maestro Luiz Gustavo Petri, diretor da Sinfônica Municipal de Santos, são os novos heróis por trás do Música Nova. Desde 2003, quando a existência do festival foi ameaçada por falta de verbas, os dois encamparam a luta por apoio, patrocínio. “De lá para cá, temos conseguido programar tudo com mais antecedência. Este festival é um espaço importante para a música não comercial. É prova de que São Paulo pode ser um pólo de criação de música contemporânea. Com apoio contínuo, ele pode ser como uma Bienal”, diz Mammi. Este ano, o festival tem apoio da USP, do Sesc São Paulo, do governo do Estado e da prefeitura de Santos. De hoje até o dia 22, vai ocupar o Centro Universitário Maria Antônia, o Auditório Ibirapuera, o Teatro Sesc Anchieta e, em Santos, o Teatro Coliseu e o Teatro Brás Cubas.

A programação tem o dedo de Gilberto Mendes, que agora pode se preocupar apenas com a parte artística do festival. Entre os estrangeiros, o destaque vai para o duo de violino e piano Diorama (dia 15, 21 horas, Teatro Sesc Anchieta), o grupo Apartment House (dia 22, 21 horas, Teatro Sesc Anchieta) e o Ensemble Orchestral Contemporain. Entre os brasileiros, muitas estréias importantes. O compositor Paulo Chagas, por exemplo, apresenta sua “ópera-intervenção” Eros!Ion, com direção cênica de Iacov Hillel (dia 16, 21 horas, Teatro Sesc Anchieta). Flô Menezes também tem obra nova no festival, La Novitá del Suono (domingo, 20h30, Auditório Ibirapuera), interpretada pelo EOC. Já de Eduardo Guimarães Álvares será estreado O Livro dos Seres Imaginários. Outros destaques da programação incluem concerto da Banda Sinfônica do Estado, com obras de Schoenberg, Denise Garcia, Roberto Sion e Stravinski (amanhã, às 20h30, no Auditório Ibirapuera); da Sinfônica Municipal de Santos, com obras de Shostakovich e Schnittke (sábado, às 20h30, no Ibirapuera); e do Percorso Ensemble, que faz concerto de canções de autores como Eduardo Álavres, Berio e Arrigo Barnabé ao lado de Celine Imbert (dia 14, 21 horas, Teatro Sesc Anchieta). Mais informações: www.festivalmusicanova.com.br.

(SERVIÇO)Serviço Festival Música Nova. CineSesc (330 lug.) Rua Augusta, 2.075, Cerqueira César, tel. 3082-0213. Hoje, 21 h. Grátis