Favela Pantanal transforma antigo lixão em área de lazer

Jornal da Tarde - 22/09/2003

seg, 22/09/2003 - 10h28 | Do Portal do Governo

O Parque Itatinga, inaugurado ontem, foi resultado de dez anos de trabalho dos moradores da favela da Zona Sul para ter um espaço de recreação

A discriminação e a falta de oportunidades que cercam os moradores de favelas sempre preocuparam a líder comunitária Maria de Lurdes Cordeiro, de 39 anos. Ela vive há mais de 26 anos na Favela Pantanal, na Zona Sul, e cansou de ver jovens do local envolvidos com drogas e vítimas de violência.

Sem ver perspectivas de que a situação melhorasse, decidiu reunir um grupo de pessoas para mudar essa realidade. Ontem, começaram a aparecer os primeiros resultados de dez anos de trabalho: a inauguração do Parque Itatinga.

O local é o primeiro espaço de lazer da região e deve ser freqüentado por cerca de 20 mil pessoas. As duas quadras poliesportivas, dois campos de futebol, vestiários e uma lanchonete foram aprovadas por quem participou da inauguração – que teve a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do secretário estadual de Juventude, Esporte e Lazer, Lars Grael.

‘Mas essa é apenas a fase inicial do projeto’, diz Maria de Lurdes. A intenção é equipar o parque com mais quadras, auditório e quiosques onde funcionarão cooperativas. ‘Vamos ter costura, artesanato. Ou seja, vamos ensinar e ajudar os moradores a arrumar empregos’, acredita.

O terreno ocupado pelo parque – cerca de 118 mil m2 – abrigou durante anos um lixão. A área foi doada pelo governo estadual e, a construção da área, financiada pelo Banco Santander, que desembolsou cerca de R$ 104 mil. O banco investirá, neste ano, R$ 19 milhões em programas sociais.

Alckmin descartou a possibilidade de o governo financiar o restante do projeto, mas garantiu que trabalhará junto com a comunidade para tentar localizar parceiros da iniciativa privada. Ele também aprovou a luta da comunidade para conseguir um parque próximo de casa. ‘O caminho é a organização da sociedade civil. Assim ela avança, conquista e consegue parceiros’, comentou.

Grael acredita que investir no esporte é o mesmo que’investir em educação e segurança pública’. A dona de casa Luzineide Cavalcante, de 35 anos, pretende levar hoje as filhas para brincar ali. ‘Elas só ficam em casa porque tenho medo de deixá-las na rua. Agora têm esse espaço maravilhoso’, diz.

Na inauguração, foram organizadas diversas apresentações e exibido um documentário sobre a história da favela. A equipe de vôlei do Banespa também esteve presente e participou de um jogo amistoso com uma equipe do bairro.

Giovanna Balogh