Favela embaixo de viaduto deixará de existir em 15 dias

Jornal da Tarde - Segunda-feira, 8 de agosto de 2005

seg, 08/08/2005 - 9h09 | Do Portal do Governo

Rita de Cássia Loiola

Com apenas um golpe, o barraco em que Geane da Silva viveu por cinco anos desmoronou. Olhos marejados, ela observava de longe o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra colocarem abaixo sua casa na Favela da Chácara Bela Vista, embaixo do viaduto Milton Tavares, na beira da Marginal do Tietê. Mas as lágrimas não eram apenas de tristeza. Ontem, com outras sete famílias, Geane se mudou para para um conjunto habitacional da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano CDHU, no Lajeado, Zona Leste da Capital. Em 15 dias, os 486 barracos do lugar serão destruídos e a favela deixará de existir.

‘Dá uma dor no coração ver minha casa cair. Passei uma vida aí, criei meu filho nesse lugar. Mas acho que terei uma vida melhor no apartamento. É a primeira vez que vou morar em uma casa de tijolos’, disse Geane.

Ao todo, 426 famílias receberão os apartamentos do CDHU. A outra parte das famílias terá um recurso da prefeitura para deixar a favela. A idéia é transformar o espaço em uma área de lazer para a comunidade, com jardins, quadras poliesportivas e playgrounds.

‘Essa é uma enorme área de risco da Capital. Há mais de duas mil pessoas morando na beira da pista, quase todos os barracos são de madeira e o risco de incêndio é grande. Por isso estamos fazendo esse programa de desfavelização para remover as famílias o mais rápido possível’, afirmou o governador Geraldo Alckmin. A ação é uma parceria entre a prefeitura – representada pela Subprefeitura da Vila Maria, responsável pela reurbanização do espaço – e o governo do Estado, que cadastrou as famílias no fim do ano passado e dará os novos apartamentos. ‘Simultaneamente, damos moradia digna e transformamos os espaços desocupados em áreas de lazer para a população.’

A reurbanização dos 37,5 mil metros quadrados da favela deve estar pronta até o fim do ano e custará à Prefeitura R$ 1,7 milhão. ‘Vamos revitalizar esse espaço para que ele não seja ocupado novamente pela população’, garantiu o prefeito José Serra.

Desconfiados, os moradores custavam a acreditar que a favela vai sumir. ‘Estou sem dormir há três noites com essa história. Só acreditei que ia sair quando coloquei os móveis no caminhão’, disse a dona de casa Josileide Santana, 33 anos, que se mudou com o marido e dois filhos para um apartamento do CDHU. ‘Só de sair de dentro dos ratos, das baratas e poder ter uma vida digna já é uma alegria muito grande. Vamos começar nossa vida de novo, em uma casa de verdade.’