Fapesp e Embrapa fecham genoma do café

Folha de S. Paulo - Quarta-feira, 21 de abril de 2004

qui, 22/04/2004 - 9h10 | Do Portal do Governo

Seqüenciamento é o primeiro passo para tentar encontrar genes que permitam avanços na cafeicultura

O seqüenciamento do genoma do café arábica (Coffea arabica), espécie responsável por aproximadamente 80% da produção brasileira de café, foi dado por encerrado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que executaram o projeto em parceria com o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café.

Após dois anos de trabalho e R$ 1,8 milhão de investimento, foram seqüenciados (soletrados) 240 mil trechos de DNA usados pela planta (seu vocabulário ativo, por assim dizer). Esses genes ou pedaços de genes são isolados pela técnica conhecida como Expressed Sequence Tags (ESTs). O seqüenciamento teve a participação de 18 laboratórios paulistas, a chamada rede Genomas Agronômicos e Ambientais (AEG, na abreviação em inglês), e do laboratório da Embrapa em Brasília.

Foi o 12º genoma feito pela rede Onsa (Organização para Seqüenciamento e Análise de Nucleotídeos, outra sigla em inglês), instituto virtual de genômica formado por 30 laboratórios para soletrar o DNA da bactéria Xyllela fastidiosa, que causa a doença do amarelinho da laranja.
Segundo o coordenador do projeto pelo lado da Fapesp, Carlos Colombo, do Instituto Agronômico de Campinas, a parte feita em São Paulo, 160 mil seqüências, já foi analisada. Foram encontrados 25 mil genes potenciais, por meio de uma análise computacional dos dados (‘palpites’ gerados pelo computador, que depois precisam ser confirmados em laboratório).

‘Imaginamos que o banco total -o nosso mais o da Embrapa- vá chegar a [uma cifra de] 30 [mil] a 35 mil genes, mas é preciso fazer a junção para termos um número real’, diz Colombo.

Só no segundo semestre um passo concreto para a solução de problemas reais dos cafeicultores será dado, com o chamado genoma funcional do café. ‘Entre as opções iniciais está identificar genes ligados à qualidade da bebida café e a resistência a estresse bióticos (pragas, por exemplo) e abióticos (condições climáticas).’