Fapesp completa 40 anos como modelo para a pesquisa no País

O Estado de S. Paulo - 23/5/2002

qui, 23/05/2002 - 10h30 | Do Portal do Governo

Comemorações serão feitas apenas no dia 8 de junho, na Sala São Paulo

Há uma frase ouvida com certa frequência fora do Estado de São Paulo – ‘Infelizmente não temos uma Fapesp aqui.’ Ela espelha o papel que a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) paulista tem hoje no meio científico nacional. Para outros Estados, a Fapesp é um modelo a ser copiado, um exemplo de que a pesquisa brasileira pode dar certo, sim.

Em São Paulo, a fundação é praticamente onipresente. Deve haver, mas são pouco vistos, os laboratórios de universidades públicas que funcionam sem equipamentos pagos pela fundação ou pesquisadores com projetos que não foram, são ou querem ser financiados por ela. Para as universidades particulares, os recursos da Fapesp não chegam a ser cobiçados – mas sua chancela, sim.

A Fapesp completa hoje 40 anos de idade. O decreto que a criava legalmente, assinado pelo então governador Carlos Alberto de Carvalho Pinto, foi publicado dia 23 de maio de 1962. Começou com uma dotação especial de US$ 2,7 milhões. O orçamento inicial de 0,5% da receita tributária do Estado passou, em 1989, a 1%. Atualmente a Fapesp trabalha com um orçamento de R$ 382 milhões por ano.

Os champanhes não vão espocar hoje. A fundação está reservando as comemorações para o dia 8 de junho, com um concerto na Sala São Paulo: Bacchianas, de Heitor Villa-Lobos, e discursos estão no cardápio. A data foi marcada para acomodar a agenda do presidente Fernando Henrique Cardoso, que fez parte da equipe que elaborou o estatudo da Fapesp e fez questão de estar presente, de acordo com José Fernando Perez, diretor científico da fundação.

‘A Fapesp consolidou sua imagem com qualidade nas avaliações dos projetos, credibilidade, agilidade no processo decisório, rapidez e regularidade no repasse de recursos, além de um baixo custo operacional’, afirma Perez.

O atual prestígio da Fapesp também se deve a uma certa ousadia nos projetos que financiou nos últimos anos, tanto em termos de assunto quanto de metodologia. O mais famoso deles é o Projeto Genoma, que começou com o seqüenciamento da Xylella fastidiosa.

Ao induzir essa pesquisa específica, a Fapesp conseguiu treinar cientistas brasileiros para lidar com um assunto de ponta a nível mundial. E trouxe reconhecimento internacional à ciência do País. O modelo, de laboratórios unidos por uma rede virtual, é seguido agora em várias partes do Brasil.

‘O sistema de pesquisa é um processo dinâmico, muito intenso’, diz Perez. ‘É preciso estar atento a carências.’ Além do papel como indutora, uma agência de fomento à pesquisa precisa também ser articuladora, ter uma postura pró-ativa no processo. ‘Esse foi o grande desafio da Fapesp nos últimos anos.’

Entre os principais programas, Perez cita os de inovação tecnológica e os de políticas públicas, que tiveram uma indução conceitual, só de natureza – interação entre universidade e empresa, por exemplo – e não de tema. Os Cepids (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) são o ‘corolário’ da política adotada pela Fapesp. ‘Cada um tem que se basear em um tripé: multidisciplinariedade, inovação e difusão do conhecimento.’

Os coordenadores de área também têm uma função essencial. Aliás, duas funções: de coordenar os projetos e de contribuir com um certo arejamento institucional. Eles não são funcionários da Fapesp e continuam a lecionar – trazem, portanto, idéias e propstas novas. ‘É o que vasculariza a instituição permanentemente’, diz Perez. (L.K.)

Laura Knapp