Exame revela: menina foi espancada

O Estado de S.Paulo - Domingo, 6 de abril de 2008

dom, 06/04/2008 - 13h34 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Isabella Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi espancada. Essa foi a conclusão de peritos criminais e médicos-legistas envolvidos na apuração do caso depois de reunião anteontem no Instituto Médico-Legal (IML). O Estado consultou três pessoas presentes na reunião, que descreveram o mesmo retrato.

Durante o encontro, as fotos tiradas durante a necropsia foram exibidas aos peritos médicos e criminais. O caso foi discutido entre especialistas, como dentistas – desconfiava-se que lesões na perna da menina pudessem ter sido causadas por mordidas, o que foi descartado – e patologistas. Além do médico-legista responsável pelo exame do corpo – Laércio de Oliveira César – outros dois foram destacados para o caso. Participaram ainda da reunião integrantes da equipe de José Antônio de Moraes, diretor do Núcleo de Perícias de Crimes Contra a Pessoa, do IC.

Os indícios de que a menina foi espancada são vários. Isabella morreu na noite do dia 29 de março e apanhou antes de cair ou ser atirada do 6º andar do prédio em que seu pai, o consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni, de 29 anos, e a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24, moravam.

Desde o primeiro exame no cadáver da criança, médicos-legistas constataram no cérebro uma pequena hemorragia comumente presente em casos descritos pela Medicina Forense como Síndrome da Criança Espancada. “O corpo apresenta várias escoriações e hematomas próprios de pancadas”, atestou um perito que teve acesso aos dados preliminares do IML. “Ela foi espancada.”

A menina tinha na cabeça um ferimento que sangrou e uma lesão cervical que pode indicar esganadura (usar as mãos para apertar o pescoço). Entretanto, a suspeita maior dos peritos é de que ela tenha sido sufocada. A asfixia, dizem eles, faria parte do processo de violência a que a criança foi submetida. Isabella sofreu e a prova disso seriam sinais como as manchas de Tardieu e Paltauf no pulmão, lesão subpleural associada ao sofrimento por asfixia. Havia manchas vermelhas no coração (petéquias) e as pontas dos dedos estavam arroxeadas, sinal evidente de desoxigenação dos tecidos.

A equipe do IML aguarda o resultado da análise do osso hióide (localizado na parte anterior do pescoço) da menina para esclarecer a questão. Caso ele esteja fraturado ou lesionado, a tese de estrangulamento volta a ganhar força.

Isabella tinha ainda uma fratura observada no osso escafóide, próximo do pulso. Ela ocorreu quando a menina estava viva e foi possivelmente causada por uma torção. Apesar de todas as análises realizadas, César ainda não definiu qual a causa da morte da menina – asfixia ou a queda do 6º andar. Isso se deve ao fato de Isabella não ter sofrido politraumatismos ou hemorragias importantes no tórax e abdome. “Esse caso está suscitando muita discussão”, disse um dos participantes da reunião.