Estudo lista 1.800 locais para turismo rural

O Estado de São Paulo - Domingo, dia 16 de julho de 2006

dom, 16/07/2006 - 11h28 | Do Portal do Governo

Um estudo da empresa de pesquisa Turismo de Campo, ainda em fase de produção, já catalogou 1.800 propriedades rurais no Estado abertas ao turismo – em todo o País, estima-se existir 13 mil. As informações serão publicadas em um guia editado pela Secretaria Estadual de Turismo, com previsão para agosto. São fazendas históricas, sítios e terrenos que oferecem pescarias, cavalgadas, observação de pássaros e excursões pedagógicas. São formas diferentes de experimentar um pouquinho da vida rural paulista.

“Surpreendentemente, São Paulo é o Estado com maior concentração de empreendimentos de turismo rural”, diz Andreia Roque Junqueira de Arantes, coordenadora da pesquisa, encomendada pelas empresas Turismo de Campo e Associação Paulista de Turismo Rural (Abratuur-SP).

O que preserva essas propriedades da ação do tempo é justamente o turismo, uma saída para preservar o patrimônio de terras que se tornaram quase improdutivas. “A agricultura, com o alto e baixo das safras, não é mais suficiente para manter as fazendas”, diz João Pacheco, da Ibicaba e coordenador do recém-criado grupo Fazendas Paulistas, que reúne propriedades rurais históricas abertas ao público. “Recebo muitos avós que cresceram em fazendas, migraram para a cidade e, hoje, querem mostrar suas origens para os netos, que não tiveram a mesma sorte de viver a infância no campo.”

DEMANDA

Segundo o presidente da Abratuur, Luis Alberto Moreira Ferreira, a demanda no Estado é uma das maiores no País. “Os paulistas são a principal clientela do turismo rural, não apenas pelo renda, mas porque o Estado se industrializou e a vida no campo se tornou um atrativo até para quem é do interior, mas nunca foi a uma fazenda.”

“Hoje, existe interesse em preservar a arquitetura, a histórica, a cultural rural, justamente pela possibilidade de exploração turística”, diz Ferreira. “Há uma década, ninguém ouvia falar em turismo rural, hoje ele é uma categoria oficial de turismo no País, seguindo o que ocorreu na Europa. A França, por exemplo, que explora o setor há 40 anos, tem mais de 50 mil propriedades voltadas para este fim.” No Brasil, entre 4 mil agências, pelo menos 20% já trabalham com destinos rurais, segundo Ferreira.

Na região de Bananal está surgindo um novo núcleo de turismo. São, pelo menos, oito fazendas, algumas que até escondiam tráfico de escravos – eles eram mantidos em cárcere para engorda, antes de serem vendidos a fazendas produtoras. Fundada por um comendador em 1830, e recentemente comprada por uma família de agrônomos, a Santa Maria ainda mantém alguns pés de café – os visitantes podem hospedar-se na fazenda e acompanhar o dia-a-dia dos funcionários, inclusive o cultivo. Outras fazendas oferecem cavalgadas, trilhas, programas pedagógicos e visitas. Tudo acompanhado por boa culinária caipira.

A.C.