Estudantes participam de avaliação internacional

Jornal da Tarde - Quarta-feira, dia 9 de agosto de 2006

qua, 09/08/2006 - 10h40 | Do Portal do Governo

MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br

Se os 12 mil jovens brasileiros que estão participando nesta semana do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) tiverem a mesma percepção de desempenho que os alunos da Escola Estadual Professor Jair Toledo Xavier, da Vila Brasilândia, Zona Norte, relataram ao concluir a prova na segunda-feira, o Brasil certamente vai deixar de integrar o grupo dos últimos colocados nas avaliações internacionais de qualidade da educação.

O desempenho médio do Brasil em Matemática do Pisa 2003 foi pior que o de alunos do México, Indonésia, Peru e Uruguai, o que lhe valeu a última colocação.

A prova

O Pisa é realizado em mais de 50 países a cada 3 anos e mede o desempenho de alunos de 15 anos, os quais em tese já concluíram a educação básica. Nesta edição, dá ênfase a Ciências, mas também inclui questões de Língua Portuguesa, Matemática e informações socioeconômicas dos estudantes.

O JT conversou com 5 alunos da EE Professor Jair Toledo Xavier que fizeram a prova do Pisa na segunda-feira. “A prova foi fácil e olha que fui pega de surpresa, pois faltei no dia em que avisaram sobre o exame”, diz Vivian Froes, aluna da 2ª série do Ensino Médio.

Vivian diz que o fato de a prova ter ênfase em Ciências a deixou mais segura. No entanto, ela lembra que a questão mais fácil foi a “dos cômodos” da casa. “A gente tinha que escolher a planta ideal para a casa descrita no exercício. Era matemática sem contas, só raciocínio.”

Já para Rafaela Carvalho, da 1ª série do Ensino Médio, a ênfase em Ciências causou receio. “Como o Saresp só avalia Matemática e Português, fiquei com medo de fazer uma prova diferente. Só deixei 4 perguntas sem responder por falta de tempo, mas fui bem”, afirma.

Entre as 68 questões, os alunos apontaram a do “Braille” como a mais difícil. “Foi explicado como os números eram apresentados aos cegos e pediram para a gente elaborar uma fração em Braille. Bem confuso”, descreve Douglas Borges, aluno da 2ª série do Ensino Médio.

Os alunos também destacaram que algumas questões exigiam dissertação. “A prova levou tempo porque a gente teve de explicar o motivo das respostas, mas foi fácil”, lembra Fernanda Liberato, aluna da 1ª série do Ensino Médio. Já Adriano F. da Silva, aluno da 1ª série do Ensino Médio – que além de estudar, trabalha até às 18 horas em uma gráfica – foi o único a afirmar que a prova não foi tão fácil. “Vou bem na escola, mas eram muitos exercícios.”

Realidade brasileira

A professora de biologia Neusa P. dos Reis, responsável pela aplicação do Pisa na EE Professor Jair Toledo Xavier, diz que o conteúdo da prova estava compatível ao currículo escolar nacional. “Nem todos os brasileiros estão inseridos no contexto destes alunos que estudam numa das melhores escolas da Vila Brasilândia. Atuo há 14 anos na rede pública e tive alunos que chegaram ao Ensino Médio semi-analfabetos.”Para Reynaldo Fernandes, presidente do Inep, órgão responsável pela aplicação do Pisa no Brasil, a melhora de desempenho dos alunos brasileiros será no longo prazo. “Na próxima edição do Pisa pretendemos integrá-lo ao Saeb”, afirma.