Estudantes da Poli criam soluções para projetos sociais

Jornal da Tarde - Quinta-feira, dia 13 de abril de 2006

qui, 13/04/2006 - 11h50 | Do Portal do Governo

LUANDA NERA
luanda.nera@grupoestado.com.br

Há 12 anos a auxiliar de enfermagem Creuza de Morais Saure percorre as regiões periféricas do interior paulista realizando um trabalho missionário. Funcionária do Hospital do Câncer de Barretos, ela faz exames ginecológicos em mulheres que não têm condições de ir a um posto de saúde. Em alguns locais chega a ir de bicicleta, sempre carregando uma cama portátil.

Desde o início da semana, Creuza Saure testa um equipamento que pode tornar mais prático e eficiente o trabalho que já lhe rendeu um prêmio da Unesco. Uma nova cama ginecológica portátil foi desenvolvida especialmente para o Hospital do Câncer de Barretos por um aluno da Escola Politécnica da USP.

Enio Atsushi Kobara, recém-formado em Engenharia Mecânica, foi um dos participantes do programa Poli Cidadã. A idéia é estreitar a relação entre a universidade e a sociedade. Para isso, os estudantes são estimulados a desenvolver projetos que atendam às necessidades de instituições sem fins lucrativos.

Criado em 2004, o programa já promoveu a realização de 50 projetos. As idéias partem das entidades e todas são armazenadas em um banco de dados. O Poli Cidadã conta hoje com 20 instituições parceiras e já cadastrou 65 temas.

“A idéia é que os alunos aproveitem o trabalho de conclusão de curso para concretizarem as sugestões que a sociedade nos envia. A engenharia pode contribuir muito para melhorar a vida das pessoas”, explica o professor Antonio Luiz de Campos Mariani, coordenador do Poli Cidadã.

Facilidades
Uma bengala com ultra-som que vibra quando o deficiente visual está próximo de um obstáculo, um sistema que reproduz os movimentos de um braço amputado, um veículo próprio para coleta de lixo reciclável. Esses são alguns dos projetos e protótipos de produtos já desenvolvidos pelos alunos da Poli.

“Quando soube da necessidade do Hospital do Câncer de Barretos aceitei o desafio”, conta o agora engenheiro Enio Kobara. Segundo ele, peso, praticidade e estética foram os critérios decisivos para a criação da cama ginecológica portátil.

A auxiliar de enfermagem Creuza Saure experimenta, na prática, os efeitos do projeto de Enio Kobara: “Pelo que já pude perceber, a nova cama é mais leve, mais fácil de montar e bem mais confortável para a paciente. Qualquer ganho de qualidade faz a diferença. Fico feliz em ver a tecnologia ajudando a população carente.”

E novas parcerias de sucesso como essa devem continuar ocorrendo. As entidades interessadas podem enviar sugestões para o site www.poli.usp.br/policidada.