Antigo caminho para o litoral será reaberto em 7 de abril e integrará,
com o Circuito dos Fortes, novo complexo turístico
Marcelo Moreira
Depois de quase 12 anos de interdição, o estado de São Paulo ganha o seu mais ‘novo’ circuito turístico. O Caminho do Mar, também conhecido como Estrada Velha de Santos, será reaberto para visitas monitoradas a pé em 7 de abril, após um investimento de R$ 4,5 milhões para a recuperação de diversos trechos e pontes danificadas.
A reabertura da estrada integrará, ao lado do recém-implantado Circuito dos Fortes, o novo complexo turístico da Baixada Santista, que poderá render cerca de R$ 10 milhões anuais de receita – na estimativa mais conservadora – nos dois primeiros anos de funcionamento.
‘O caminho será percorrido a pé e monitorado, para que as pessoas possam contemplar não só os monumentos históricos, mas, também, a natureza e a bela vista da Baixada Santista. O percurso contará com um veículo especial para pessoas deficientes físicas, mas poderá ser liberada para tráfego de carros em casos excepcionais, como ambulâncias, viaturas da Polícia Ambiental e vans para deficientes físicos’’, disse João Carlos Meirelles, secretário estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.
Parque ecoturístico
A visitação se iniciará após o treinamento dos monitores e a criação de uma infra-estrutura básica para a recepção dos visitantes, como a instalação de sanitários. De acordo com Meirelles, a liberação do acesso público é uma das primeiras etapas do projeto de transformação da estrada em um parque ecoturístico.
O governo do estado já tem pronto também um projeto para captar recursos oficiais e da iniciativa privada para a restauração dos monumentos históricos existentes ao longo da rodovia, como a Calçada do Lorena, e construções históricas construídas em 1922, como o Pouso de Paranapiacaba e o Belvedere Circular.
A estrada, de concreto, liga São Bernardo a Cubatão e é cercada pela mata atlântica. Essas obras estão previstas para começar a partir de abril. ‘O projeto de restauração custará pelo menos R$ 4,1 milhões e já recebeu certificação da lei Rouanet, de incentivo à cultura’, afirmou o secretário.
Originariamente intitulada estrada da Maioridade, em referência à emancipação de d. Pedro 2º, a via foi inaugurada em 1844. Em 1926, sob a designação oficial de Caminho do Mar, teve concluída a obra de pavimentação em concreto, a primeira do gênero no Brasil.
Até a inauguração da via Anchieta, na década de 50, era a única ligação entre o ABC e o litoral. As obras de recuperação e restauração começaram há um ano e meio e incluíram a reimplantação de duas pontes que haviam desmoronado em 1994, com as chuvas. Também foram recuperados os muros de contenção e a drenagem superficial da pista, revestimento do guard-rail e a sinalização.
Circuito histórico
O roteiro turístico Circuito dos Fortes agrega oito fortalezas e pretende se tornar um novo pólo de referência histórico-cultural para a Baixada Santista. Para Meirelles, existem dois efeitos significativos com a chegada do circuito: o resgate da história do Brasil e a criação de um segmento turístico moderno que vai gerar trabalho e renda para a população local. ‘‘E não será um turismo banal, mas sim, um turismo permanente, que irá conjugar o potencial gigantesco que temos na região, que concentra as praias lindas e o maior porto do Hemisfério Sul.’’
A Secretaria de Ciência e Tecnologia já terá à disposição em março todo o material de propaganda do Circuito dos Fortes, que deverá ainda contar com um ônibus para transportar os visitantes. Fazem parte deste roteiro a Fortaleza do Itaipu (Praia Grande), do século XX; Casa do Trem Bélico (Santos), do século XVII; Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande (Guarujá), século XVI; Forte Augusto (Santos), século XVII; Forte dos Andradas (Guarujá), século XX; Fortaleza do Itapema (Guarujá), século XVI; Forte São João (Bertioga), século 16; e Forte São Felipe (Guarujá), século XVI.
Maurici Mariano, prefeito de Guarujá, é um dos maiores entusiastas dos novos projetos e diz que finalmente o estado consegue fechar um dos maiores buracos na conservação de seu patrimônio histórico. ‘‘É importante para que as pessoas possam reviver a história do Brasil e da região. Muita gente desconhece a história do local onde vive e a Estrada Velha e os Fortes restaurados colocarão a história regional na ordem do dia.’
Já a reitora da UniSantos – entidade que ajudou nos trabalhos de restauração dos fortes -, Maria Helena Lamberti, ressaltou o incentivo ao turismo histórico e cultural da região como fonte de informação, de criação de novos empregos e captação de recursos. ‘‘É o resgate do passado e dá visibilidade aos nossos patrimônios.’’
Ligação aquática
O próximo passo para dinamizar o turismo na Baixada Santista e na região do ABC será a implantação de uma ligação aquática entre a zona sul de São Paulo e Cubatão, passando pela Serra do Mar. A idéia é estabelecer passeios em barcos com saídas no bairro de Pedreira, na região de Santo Amaro, e nos braços da represa Billings em Cubatão. Os passeios incluiriam um circuito que passaria pelos principais braços da Billings e da represa Guarapiranga. Este projeto ainda está em estudos.
