Os roteiros pelos 7,5 km do trecho de serra da rodovia de Santos serão programados e monitorados
Fausto Siqueira, da Agência Folha, em Santos
Após quase 12 anos, a antiga estrada de Santos, no litoral de São Paulo, reabrirá em abril, mas as nostálgicas e fechadas curvas das quais falavam Roberto e Erasmo Carlos na canção de 1969 não mais receberão marcas da borracha dos pneus.
Fechada para veículos desde 1992, a chamada Estrada Velha será transformada no eixo principal de um pólo ecoturístico e histórico que inicialmente receberá até 200 pessoas por dia para passeios a pé. Idosos e portadores de deficiência terão vans à disposição para participarem do passeio.
De acordo com o secretário-executivo de Turismo do Estado de São Paulo, Marco Antonio Castello Branco, 15 monitores conduzirão grupos de até 20 pessoas (no caso de adultos) ou dez (no caso de crianças) pelos caminhos cercados por mata atlântica nativa por onde circularam os imperadores d. Pedro 1º e d. Pedro 2º, entre outros personagens da história do Brasil.
Originariamente intitulada estrada da Maioridade, em referência à emancipação de d. Pedro 2º, a via foi inaugurada em 1844, basicamente para o tráfego de carroças e diligências entre São Paulo e o litoral.
Em 1926, já sob a designação oficial de Caminho do Mar, teve concluída a obra de pavimentação em concreto, a primeira do gênero no Brasil.
Limites
As atividades a serem desenvolvidas no local estarão condicionadas aos parâmetros de zoneamento do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar, que estabelecerá os limites para visitação e os critérios de fiscalização, segundo a diretora-geral do Instituto Florestal, Maria Cecília Wey de Brito. Uma primeira versão do plano deverá ser concluída até o final do mês.
Na etapa inicial de implantação do pólo ecoturístico, a intenção é limitar o acesso a até cem pessoas por dia (durante a semana) e 200 por dia nos finais de semana e feriados, de acordo com o secretário Castello Branco.
Os passeios pelos sete quilômetros e meio do trecho de serra da rodovia serão programados. Grupos de visitantes poderão se inscrever por meio de um site a ser criado. Dois dos quatro roteiros básicos a serem oferecidos incluirão outros pontos de visitação, ambos, porém, integrados ao circuito histórico-ecológico em torno da rodovia.
O roteiro energético prevê a descida pela encosta da serra do Mar em um trole (um tipo de bondinho) até a usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão.
Pelo roteiro das águas, o visitante partirá do bairro Pedreira (zona sul de São Paulo) em uma lancha com capacidade para 20 pessoas e atravessará toda a represa Billings até alcançar o portal de entrada do pólo, em São Bernardo do Campo.
Os outros dois roteiros serão desenvolvidos ao longo da própria estrada: o ecológico, por trilhas na mata, e o histórico, que inclui visita a todos os monumentos às margens da rodovia.
A pretensão do Estado é ampliar a freqüência ao pólo gradativamente, à medida que estiver consolidada a infra-estrutura básica (banheiros químicos e lanchonetes), a implantação de dois portais (um em Cubatão e outro em São Bernardo) e a restauração dos prédios históricos.
À Cetesb (agência ambiental do Estado de São Paulo) foram encomendadas análises da qualidade da água das bicas. Se não apresentar contaminação, poderá ser consumida.
