Estrada de Ferro Campos do Jordão é reativada

Gazeta Mercantil - Terça-feira, 23 de março de 2004

ter, 23/03/2004 - 9h34 | Do Portal do Governo

Marcelo Moreira

Essa é mais uma iniciativa de revitalização do turismo local do Plano Estadual de Turismo de São Paulo. À espera de uma política de desenvolvimento do turismo mais consistente e principalmente de investidores, algumas regiões do Estado de São Paulo apostam em iniciativas locais com grande potencial de arrecadação de recursos. A mais nova empreitada acontece no Vale do Paraíba, com a reinauguração do passeio turístico da Estrada de Ferro Campos do Jordão – vinculada à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.

A locomotiva está pronta para funcionar aos domingos, às 10h, partindo da estação de trem no centro de Pindamonhangaba até o Núcleo Turístico Piracuama, no mesmo município. ‘Este é o início de um projeto integrado ao Plano Estadual de Turismo, que deverá impulsionar diversas cidades do Vale do Paraíba’, diz o secretário estadual João Carlos Meirelles.

Conhecida como Baronesa, a locomotiva Lince Hofmann Wenke, fabricada em 1927 pela empresa alemã Breslau, foi recentemente adquirida pela Estrada de Ferro Campos do Jordão e funciona movida a vapor pela queima da madeira que aquece a caldeira. Com 64 lugares, a Baronesa atinge a velocidade de 20 quilômetros por hora e tem a capacidade de tracionar até cinco carros de passageiros.

Presente à viagem inaugural, o secretário executivo de Turismo do Estado de São Paulo, Marco Antonio Castello Branco, prevê a integração das comunidades no percurso de 22 quilômetros por onde passa a maria-fumaça. ‘Ela estimula o artesanato, gastronomia, alambiques, em suma, os vários atrativos ao longo da ferrovia, para que a demanda de turistas cresça, gerando trabalho e renda’, explica o secretário, adiantando a inauguração, no início do próximo semestre, do Museu da Ferrovia, ao lado da estação do centro.

Segundo dados da ONG Mantiqueiraviva, a região congrega 28 milhões de pessoas num raio de 180 quilômetros, o que possibilita a expectativa de faturamento, com o turismo local – trem, hospedagem, gastronomia – em torno de R$ 11 milhões por ano.

Pindamonhangaba também é propícia a esportes de aventura e radicais, como escaladas, trilhas, rapel, mountain bike, ciclismo, pesca, entre outros. Sem contar com o Parque Reino das Águas Claras, com personagens de Monteiro Lobato. Com melhorias na infra-estrutura, implantação de novas atividades e a criação de pacotes turísticos, a região da Serra da Mantiqueira poderá receber quatro milhões de turistas anualmente.

De início, os passeios ocorrerão somente aos domingos, com saída às 10 horas da Estação de Ferro Campos do Jordão, no centro de Pindamonhangaba; no futuro, outros horários poderão ser implantados, com passagem a R$ 10.

Enquanto o governo estadual reativa a ‘maria-fumaça’ de Campos do Jordão, a ligação ferroviária entre São Paulo e a vila de Paranapiacaba, em Santo André, no topo da Serra do Mar, ainda espera por uma definição sobre a sua restauração. O secretário Meirelles disse que já conversou com os prefeitos das cidades que compõem o Consórcio Intermunicipal do ABC para discutir como fazer os investimentos necessários no turismo da região.

Entretanto, enquanto a prefeitura de Santo André executa trabalhos de restauração de patrimônio e busca investidores para o turismo na vila, os estudos do governo estadual e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) ainda estão empacados na discussão de como viabilizar economicamente a restauração de uma linha diária entre Rio Grande da Serra e Paranapiacaba, ainda que seja somente aos finais de semana. Todo o projeto turístico para a vila andreense depende da volta desta ligação ferroviária, já que o acesso rodoviário, embora não seja precário, não é recomendável.

O antigo caminho para o litoral será reaberto em 7 de abril e integrará, com o Circuito dos Fortes, novo complexo turístico. Depois de quase 12 anos de interdição, o estado de São Paulo ganha o seu mais ‘novo’ circuito turístico. O Caminho do Mar, também conhecido como Estrada Velha de Santos, será reaberto para visitas monitoradas a pé em 7 de abril, após um investimento de R$ 4,5 milhões para a recuperação de diversos trechos e pontes danificadas.

A reabertura da estrada integrará, ao lado do recém-implantado Circuito dos Fortes, o novo complexo turístico da Baixada Santista, que poderá render cerca de R$ 10 milhões anuais nos dois primeiros anos de funcionamento.

‘O caminho será percorrido a pé e monitorado, para que as pessoas possam contemplar não só os monumentos históricos, mas, também, a natureza e a bela vista da Baixada Santista.

O percurso contará com um veículo especial para pessoas deficientes físicas, mas poderá ser liberada para tráfego de carros em casos excepcionais, como ambulâncias, viaturas da Polícia Ambiental e vans para deficientes físicos’, disse João Carlos Meirelles, secretário estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.

O roteiro turístico Circuito dos Fortes agrega oito fortalezas e pretende se tornar um novo pólo de referência histórico-cultural para a Baixada Santista. Para Meirelles, existem dois efeitos significativos com a chegada do circuito: o resgate da história do Brasil e a criação de um segmento turístico moderno que vai gerar trabalho e renda para a população local.

A Secretaria de Ciência e Tecnologia já terá à disposição em março todo o material de propaganda do Circuito dos Fortes, que deverá ainda contar com um ônibus para transportar os visitantes. Fazem parte deste roteiro a Fortaleza do Itaipu (Praia Grande), do século XX; Casa do Trem Bélico (Santos), do século XVII; Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande (Guarujá), século XVI; Forte Augusto (Santos), século XVII; Forte dos Andradas (Guarujá), século XX; Fortaleza do Itapema (Guarujá), século XVI; Forte São João (Bertioga), século 16; e Forte São Felipe (Guarujá), século XVI.