Estagiários vão cuidar das salas de leitura

Jornal da Tarde - Quarta-feira, 3 de outubro de 2007

qua, 03/10/2007 - 14h58 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

O governo do Estado pretende contratar estagiários para atuar e manter as salas de leitura abertas nas mais de 5 mil escolas da rede estadual de ensino, a partir do letivo de 2008. A afirmação é da a secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.

O Jornal da Tarde mostrou ontem que as escolas estaduais não têm bibliotecas, mas sim salas de leitura – que não abrem em todos os períodos. ‘É um absurdo que as salas de leitura fiquem fechadas. Na prática, há professores readaptados (aqueles que são afastados da sala de aula por algum problema de saúde) que cuidam desse espaço. Mas eles não são em número suficiente para manter o local aberto nos três períodos’, diz a secretária.

Segundo ela, já em 2008 os estagiários serão contratados para manter as salas de leituras abertas. ‘É muito importante que os alunos tenham acesso a esses espaços, peguem os livros, leiam em voz alta, sejam motivados a ler. Os pais também devem ser motivados a freqüentar o local. É neste contexto que os estagiários terão, além da função de manter o espaço aberto, que motivar a leitura.’

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) não recebeu bem o anúncio da contratação de estagiários para as salas de leitura. ‘As escolas precisam de um especialista que cuide desses espaços. O ideal é que seja contratado um bibliotecário ou até mesmo um professor que possa motivar o hábito da leitura nos alunos’, afirma Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp.

O sindicalista ressalta que o problema se estende à sala de informática e ao laboratório de ciências. ‘Estes espaços têm de contar com um especialista que garanta o real acesso e aprendizado dos alunos.’

Para a diretora executiva do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Carminha Brant, é lamentável que as escolas mantenham salas de leitura fechadas. ‘O ideal seria ter alguém para tomar conta do espaço, mas, se não há, as escolas deveriam dar autonomia aos alunos para transitarem ali sem a presença do professor.’

A especialista diz ainda que as escolas não deveriam temer o roubo de livros. ‘Se os alunos levaram é porque alguém da comunidade está lendo. Temos experiências nas quais foi dada a autonomia de empréstimo e os índices de devolução chegaram a quase 100%.’

3 perguntas para Mario Sérgio Cortella, filósofo e educador

Não é novidade que os alunos brasileiros de escolas públicas têm sérias dificuldades em leitura e escrita como mostram diferentes avaliações. O acesso ao livro tem relação com esses resultados?

O livro é uma fonte de conhecimento prazerosa, significativa e quando a escola dificulta o acesso do aluno ao livro ela está automaticamente limitando o incentivo à leitura. No entanto, só o acesso ao livro não significa que o aluno terá bom desempenho, porém, com certeza aumenta seu repertório.

Como o senhor avalia a falta de um profissional responsável pelas salas de leitura das escolas?

Entendo quando a Biblioteca Mario de Andrade limita a retirada de obras preciosas. No entanto, as obras para uso das escolas têm de ter o acesso facilitado, os alunos devem levá-las para

casa e as salas de leitura têm de estar abertas.

Criar o cargo de orientador de sala de leitura (OSL), assim como existe na rede municipal, seria uma boa opção para a rede estadual?

O ideal seria que este cargo fosse criado na rede estadual para professores ou até bibliotecários, mas enquanto isso não acontece, um bom começo seria a Secretaria Estadual da Educação

firmar parcerias com universidades de letras ou biblioteconomia para que esses universitários pudessem manter as salas de leitura abertas.