Estagiário ajudará professor nas escolas estaduais de SP

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 5 de junho de 2007

ter, 05/06/2007 - 12h58 | Do Portal do Governo

O governo José Serra (PSDB) pretende implementar nas escolas estaduais, ainda neste mês, o projeto chamado de segundo professor -na verdade, um estagiário que auxilia o docente de 1ª série em sala de aula. São estudantes de pedagogia, letras ou normal superior.

Lançado nas escolas municipais pelo próprio Serra quando era prefeito, em fevereiro do ano passado, o programa dá bolsas para que universitários atuem ao lado dos professores regentes, auxiliando-os com os alunos que apresentam dificuldades na alfabetização.

A iniciativa municipal, porém, enfrenta críticas de que, em vários casos, os estagiários se tornam meros “cuidadores” dos alunos (leia nesta página). O Ler e Escrever -nome do programa da prefeitura- foi uma das bandeiras de Serra durante a campanha ao governo estadual no ano passado.

Quando o projeto foi lançado, Serra dizia que iria colocar um segundo professor nas salas, apesar de o assistente ainda ser um universitário. De lá para cá, a gestão Gilberto Kassab (DEM) não sabe direito como chamá-los.

Ora se refere a eles como estagiários (como em abril, quando o secretário da Educação falou sobre o atraso na seleção dos bolsistas), ora como segundo professores (como na semana passada, quando o prefeito falou em sabatina promovida pela Folha sobre o programa).

O programa estadual, batizado de Projeto Formação Escola Pública e Universidade na Alfabetização – Bolsa Alfabetização, terá início pela capital, com 3.085 turmas de 1ª série.

Em uma segunda etapa, ainda sem data marcada, o projeto atingirá 5 milhões de alunos distribuídos por 5,4 mil escolas e acompanhados por cerca de 200 mil professores na Grande São Paulo e no interior. Na semana que vem, Serra deverá anunciar as escolas contempladas pelo programa.

A Secretaria Estadual da Educação firmou convênios com 22 instituições de ensino, dentre as 31 inscritas. Os universitários serão acompanhados por um professor, da própria faculdade, que atuará como orientador do projeto.

Os estagiários estão sendo selecionados pelas instituições onde estudam e receberão bolsas de R$ 500, repassadas diretamente às faculdades para complementação da mensalidade e custeio do orientador. No programa municipal, a bolsa de R$ 480 é repassada diretamente ao estudante.

A secretaria estuda, ainda, uma proposta de oferecer pontuação de participação aos universitários, que poderia ser usada na classificação de concursos da rede estadual de ensino. Já o professor da primeira série que participar ativamente do programa e usar os livros indicados terá pontuação diferenciada, que valerá para a evolução na carreira.

A Folha solicitou à secretaria do Estado uma entrevista com algum coordenador do programa, mas não havia ninguém para responder as perguntas ontem.

O programa estadual será aplicado com base no municipal, implantado em fevereiro do ano passado (enquanto Serra ainda era prefeito) depois que uma pesquisa por amostragem, realizada em 2005 pela própria Secretaria Municipal da Educação, mostrou que havia escolas da rede que chegavam a ter até 30% de alunos que não escreviam corretamente na terceira série.