Estado vai começar reformulação do ensino médio

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

sex, 09/02/2007 - 13h29 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

Na tentativa de melhorar o ensino médio no Estado de São Paulo, a secretária de Educação Maria Lúcia Marcondes Vasconcelos promoverá uma discussão neste ano para implementar, a partir de 2008, uma nova grade curricular na rede. “Vamos fazer um debate das diretrizes curriculares para o ensino médio em São Paulo, uma definição que até hoje não foi feita. A grade curricular será revista e o modelo novo começará no ano que vem”, afirma Maria Lúcia.

O ensino médio do Estado de São Paulo foi o segundo que mais piorou em português e o terceiro com maior queda no desempenho em matemática entre 1995 e 2005, de acordo com dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados anteontem.

“A forma como o currículo está desenhado hoje está longe da realidade do mundo do trabalho, que é a realidade dos alunos. Por exemplo, eles têm computador, mas o tipo de aula de informática não os ensina nem as coisas básicas, que hoje em dia todo mundo deveria saber.”

No diagnóstico da secretária, o ensino atualmente tem um currículo defasado e sem parâmetros definidos do que deve ser ensinado, o que deixa de ser atraente para os alunos e ajuda a aumentar a evasão, que continua em uma tendência crescente no Estado.

Segundo ela, a secretaria pretende observar o modelo das escolas técnicas, que apresentam desempenho dos estudantes similar aos das instituições particulares. “O objetivo não é fazer do ensino médio uma escola técnica, mas ver como funciona o modelo, que é diferente e interessante”, diz.

Desse modo, São Paulo poderá começar 2008 com uma grade curricular mais uniforme e homogênea, com definições mais claras sobre o que o professor deve ensinar, seguindo um modelo mais padronizado – o que facilita também, por exemplo, a continuidade das aulas, caso o professor seja substituído ou falte, o que é bem comum na rede pública.

“O desempenho ruim de São Paulo está ligado a um acúmulo de políticas públicas e de ações confusas que desorganizaram a rede, porque os dados do Saeb mostram o histórico de vários anos, de mais de uma gestão”, afirma Vera Masagão, da instituição não-governamental Ação Educativa.

Ela também cita a falta de definição do que deve ser ensinado como um dos motivos que dificultam o ensino. “Temos problemas em coisas básicas, em regras a serem cumpridas. A escola precisa saber claramente o que vai cumprir, quais metas tem de alcançar, o que o aluno deve aprender.”

Para o sindicato dos professores (Apeoesp), a questão, mais do que curricular, continua sendo falta de investimento. “Não adianta mudar esse tipo de coisa porque a questão, que falamos há anos, é a falta de valorização do professor, que é quem está na sala de aula ensinando”, diz Carlos Ramiro, presidente da entidade.