Estado tomba Cemitério da Consolação

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 13 de julho de 2005

qua, 13/07/2005 - 9h40 | Do Portal do Governo

Condephaat pretende tirar outdoors do entorno do cemitério mais central da cidade

Camilla Rigi
Especial para o Estado

Abrigo de centenas de obras de arte tumular e espelho de uma época em que a elite paulistana não media esforços para imitar os hábitos europeus, o Cemitério da Consolação foi estudado durante dez anos antes de ser tombado pelo governo do Estado, no sábado. A resolução não se restringe aos limites dos muros do cemitério, mas inclui a quadra formada pelas Ruas da Consolação, Coronel José Eusébio, Mato Grosso e Sergipe.

Segundo o presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), José Roberto Melhem, a medida foi necessária para garantir de maneira mais eficaz a preservação da parte interna. ‘Também queremos diminuir a poluição visual. Para isso, vamos retirar os anúncios do entorno do cemitério assim que os alvarás da Prefeitura vencerem.’

Do total de sepulturas, 8.500, mais de 200 foram consideradas importantes histórica e culturalmente. ‘O grande número de obras foi um dos motivos que levaram ao tombamento total da área e não apenas parcial, como defendiam alguns membros do conselho’, explicou Melhem. Os Cemitérios dos Protestantes e o da Ordem Terceira do Carmo, que ficam no mesmo espaço do Cemitério da Consolação, também serão preservados.

Entre os escultores que deixaram suas marcas nos jazigos destacam-se Vitor Brecheret e Galileo Emendabili. Felizmente, ao longo dos 147 anos de existência do cemitério, nenhuma obra foi perdida. ‘É um dos locais tombados com menos problemas, pois as famílias ajudaram na conservação das sepulturas’, contou o presidente.

FISCALIZAÇÃO

Mesmo assim, os membros do Condephaat devem visitar a área periodicamente para averiguar se nada foi alterado. ‘A administração do cemitério deverá nos comunicar sempre que houver a intenção de fazer alguma obra que vise a modificar as estruturas dos túmulos.’

A atual distribuição do cemitério também será mantida, o que impedirá a construção de mais jazigos. ‘Isso não impede os sepultamentos, pois, após a exumação de alguns corpos, ainda há locais vagos.’