Estado quer triplicar transplantes de córnea

Jornal da Tarde - Quarta-feira, 27 de outubro de 2004

qua, 27/10/2004 - 15h53 | Do Portal do Governo

Intenção da Central de Transplantes é aumentar número de doações na Grande São Paulo, Litoral e Vale do Ribeira

ARYANE CARARO

A Central de Transplantes do Estado pretende quase triplicar o número de transplantes de córnea na Grande São Paulo, Litoral e Vale do Ribeira. Agora, equipes vão permanecer 24 horas em seis hospitais estaduais para abordar as famílias e tentar captar as córneas para a realização das cirurgias. Isso será possível por meio de um acordo que a Central assina hoje com o Banco de Olhos do Hospital Oftalmológico de Sorocaba, referência na captação dos tecidos.

As equipes do Banco de Olhos de Sorocaba vão atuar nos hospitais de Itapevi, Carapicuíba, Itaim Paulista, Itaquaquecetuba, Guarulhos e Mandaqui. As córneas captadas serão distribuídas para transplantes na região – e não no Interior, onde a fila de transplantes e captação já é mais rápida.

Hoje, são feitos em média 900 transplantes por ano na Grande São Paulo, Litoral e Vale; há 3.500 pessoas na fila e o tempo de espera é de cerca de 2 anos. Em Sorocaba e Interior, são cerca de 2.400 transplantados ao ano; e existem de 800 a 900 pacientes na fila, que costumam esperar de 6 a 7 meses – o número de transplantes é maior pois há mais doadores.

‘Os bancos de olhos da Capital ficam todos na região central da Cidade. Há muitos hospitais na periferia que têm um número de óbitos razoável, mas os bancos daqui têm dificuldade em fazer essa captação e transportá-las’, explica Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central. Ele informa que há cerca de 350 mortes por mês nesses seis hospitais. ‘Estimamos que podemos conseguir 20% de doações, o que daria 70 doadores e 140 córneas por mês’, diz Pereira. A expectativa é que o aumento seja, em média, de 1.600 transplantes por ano.

Antes mesmo da assinatura do convênio, a captação de doadores já começou nos hospitais de Itapevi e Carapicuíba – neste último, já houve uma doação anteontem. Os próximos a receberem as equipes são Itaim e Itaquaquecetuba, até metade de novembro. Até o final do ano, Guarulhos e Mandaqui. A intenção é que o projeto se estenda aos 16 hospitais da rede estadual. ‘Se tudo der certo, num prazo de dois ou três anos não haverá mais fila’, espera o coordenador.

O Estado de São Paulo realiza entre 3.000 e 3.200 transplantes de córneas por ano. Além das pessoas que aguardam na fila, outros 5 mil novos pacientes se inscrevem para o transplante a cada ano. O número de operações e de novos pacientes se mantém estável desde o ano passado – em 2002, por exemplo, foram feitos 2.715 procedimentos cirúrgicos. ‘Para atender a essa demanda de entrada, é só aumentar a captação’, justifica Pereira.