Estado quer barrar romaria de pacientes do Interior à Capital

Diário de S.Paulo - Domingo - 16 de outubro de 2005

seg, 17/10/2005 - 10h54 | Do Portal do Governo

Secretaria Estadual da Saúde eleva investimento em cidades interioranas para reduzir peregrinação. Hospitais já fazem transplantes e tratam câncer e Aids

Jaqueline Falcão

SÃO PAULO – Na tentativa de evitar a migração e, muitas vezes, a peregrinação de pacientes do interior paulista para a capital em busca de tratamentos complexos, a Secretaria da Saúde estadual tem ampliado os investimentos em hospitais de algumas cidades da região.

No interior, a rede pública do interior já faz transplantes e consegue oferecer tratamento de doenças como câncer e Aids, além de dispor de equipamentos de hemodiálise. Os recursos (que incluem equipamentos e custeios) destinados a essas unidades, segundo a secretaria, chegam a R$ 3,5 bilhões.

‘Alguns serviços são relativamente novos, como o atendimento a pacientes com câncer no Hospital de Assis. Em outras unidades, ampliamos a capacidade de atendimento, como no Luzia Pinho de Mello, em Mogi das Cruzes, que tem mais leitos e já faz transplante de rim’, explica Ricardo Tardelli, diretor estadual de Saúde. Segundo ele, a idéia é fazer com que as cidades do interior resolvam seus problemas na área da saúde e aumentem o potencial de atendimento.

Hoje, o Hospital das Clínicas, o Hospital São Paulo, a Santa Casa e o Santa Marcelina são as principais entidades da Capital que mais recebem pacientes de outros municípios.

Algumas unidades são referência

Entre os tratamentos e cirurgias oferecidos pela rede pública em hospitais do Interior e litoral, ja há exemplos de atendimento de alta complexidade. Uma das unidades que atende especialidades é o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que realiza cirurgia em pacientes com epilepsia, além de ser capacitado para fazer transplantes de órgãos e tecidos. Na área de célula-tronco é um dos hospitais credenciados pelo Ministério da Saúde.

Na região de Botucatu, pacientes que sofrem de obesidade mórbida já encontraram a solução sem precisar peregrinar em busca de tratamento. O Hospital das Clínicas da cidade recebeu equipamentos para realização de cirurgia de diminuição do estômago.

O Hospital Regional de Assis oferece quimioterapia para pacientes de 28 municípios da região. Antes, os doentes viajavam 72 quilômetros para chegar a cidade de Marília para conseguir o tratamento.

Já os pacientes da região de São José do Rio Preto ganharam a especialidade cirurgia cardíaca para recém-nascidos. Só ali os investimentos foram de R$ 1,2 milhão. Antes, os bebês com problemas no coração precisavam ser transferidos para unidades da cidade de São Paulo para cirurgias.

Próximo a Campinas, o Hospital Estadual de Sumaré foi o primeiro da região a realizar uma cirurgia de retirada de tumor no cérebro com o paciente ainda acordado.

Recuperação de unidades

‘Pretendemos também recuperar unidades antigas. Um exemplo é o Hospital Nestor Goulart Reis, na cidade de Américo Brasiliense, que era só para tratamento de tuberculose. Hoje, como o tratamento para a doença evoluiu, há poucos leitos ativados. Vamos transformá-lo em uma unidade para tratar moléstias infecciosas’, detalha Ricardo Tardelli, diretor estadual de Saúde. Ele explicou que os critérios para a escolha dos serviços implantados foram as demandas.

Gestante de alto risco

Em Santos, no Litoral, o Hospital Guilherme Álvaro tornou-se referência para gestantes de alto risco, ganhando leitos de UTI neonatal e pediátrica. Os moradores dos 38 municípios da região de Bauru contam agora com um hospital estadual com 224 leitos.