Da Reportagem
O Governo do Estado está negociando com a União a transferência da responsabilidade pela implantação do túnel ligando Santos e Guarujá do âmbito federal para o estadual. A informação foi divulgada ontem pelo secretário de Estado dos Transportes, Dario Rais Lopes, durante o programa Fórum da Tri TV.
Na ocasião, o secretário anunciou a substituição das balsas que fazem a travessia entre Santos e Guarujá, com a compra de novos ferry-boats, e a ampliação da capacidade de transporte de veículos nas unidades já existentes, para a temporada 2004/2005.
‘‘Hoje, a maior balsa em operação transporta 60 veículos, algumas têm capacidade para 30, mas a média é de 40. Vamos reformá-las e fazer a jumborização, aumentando a capacidade das balsas para 60 veículos. Também estamos comprando novos ferry-boats que têm uma motorização diferenciada, que permite reduzir o tempo de manobra’’.
Lopes esteve ontem na Cidade para vistoriar as obras das estações de passageiros da travessia entre Santos (Praça da República) e Vicente de Carvalho (ver matéria).
De acordo com o secretário, o projeto de ampliação e renovação da frota de balsas foi concebido para suprir a demanda pelos próximos seis a oito anos, tempo necessário para que o túnel ligando as duas cidades se torne realidade.
‘‘Até esse período, poderemos concretizar aquilo que já está sendo encaminhado, que é a negociação com o Governo Federal para que a União delegue para o Estado a responsabilidade pela implantação daquilo que chamamos travessia a seco’’.
Segundo Lopes, está agendada para a próxima semana uma reunião em São Paulo com representantes do Ministério dos Transportes para discutir o assunto.
‘‘Estive em Brasília anteontem (terça-feira). Já temos o apoio da bancada parlamentar do Estado na Câmara Federal e no Senado, em particular dos parlamentares que representam a região’’.
Metropolização
A proposta de construção de um túnel ligando Santos e Guarujá já tem pelo menos 17 anos de existência, sendo que o anúncio de licitação da obra foi feito por diversas vezes ao longo destas quase duas décadas — o último ocorreu em junho de 2003 e ficou a cargo do Ministério dos Transportes.
Lopes argumentou, no entanto, que a obra não beneficiará somente o Porto de Santos, que está sob jurisdição federal, mas toda a Baixada Santista, cabendo, portanto, ao Estado realizá-la.
‘‘Não é uma obra do porto, é uma obra metropolitana porque liga as duas cidades mais importantes da região e duas rodovias importantes que são a Via Anchieta e a Rio-Santos’’.
O secretário também lembrou que o Estado possui maior experiência, se comparado à União, em processos de concessão, uma vez que a execução do túnel deverá ficar sob responsabilidade da iniciativa privada. A proposta é que ele seja explorado comercialmente (pedágio).
‘‘Independente de quem seja o empreendedor, nem a União, nem o Estado têm fôlego para bancar uma obra que deve custar cerca de R$ 300 milhões. O valor do pedágio seria praticamente o mesmo que é cobrado hoje na travessia de balsas’’.
Lopes adiantou que o Estado possui toda a concepção do projeto, que levaria de dois a três anos para ser executado.
‘‘Só falta detalhar o projeto e fazer o licenciamento ambiental. A iniciativa privada já tem interesse nisso. O que precisa agora é de vontade política. Mas essa é uma decisão que cabe ao ministro dos Transportes (Alfredo Nascimento)’’.
