O investimento será aplicado na ampliação da interligação dos reservatórios e da capacidade da represa de Taiaçupeba
Brás Santos
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem um investimento de R$ 80 milhões para ampliar a capacidade de captação de água do Sistema Produtor Alto Tietê antes da próxima estiagem. O dinheiro será usado para duplicar o sistema de interligação entre os reservatórios a partir da represa de Biritiba e também para o fechamento da barragem de Taiaçupeba.
Nos últimos oito anos a Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Obras do Estado já aplicou R$ 87,2 milhões na construção das barragens dos rios Paraitinga e Biritiba. Com o novo investimento anunciado por Alckmin, o governo pretende aumentar em 50% a produção de água para o consumo da população na região até 2005.
A quantidade excedente será encaminhada para a Zona Leste da Capital e outros municípios da Região Metropolitana. Também reforçará o abastecimento das cidades atendidas pelo sistema Cantareira, onde mais de nove milhões de pessoas estão ameaçadas pelo racionamento.
Alckmin falou das obras durante o lançamento do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água. Com essa iniciativa inédita, o governo pretende reduzir em 20% o consumo na Região Metropolitana.
O governador foi até a barragem de Jaguari, – que integra o sistema Cantareira -, em Vargem, na Região Bragantina (a 120 quilômetros de Mogi das Cruzes) para explicar os objetivos do programa.
O governador e o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, tiveram o apoio do arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, dom Cláudio Hummes. O religioso assumiu a versão do governo e confirmou que a situação do abastecimento é crítica.
Satisfação
Por isso Alckmin ficou satisfeito com decisão da Justiça Federal, que na última segunda-feira cassou liminar que paralisava as obras das represas: ‘O juiz fez um trabalho muito sério e o desmatamento começou hoje. O reservatório de Biritiba começará a ser formado em maio. Em junho será a vez de Paraitinga. Na verdade a região terá três e não duas novas represas, porque também vamos fechar e ampliar a capacidade da barragem de Taiaçupeba. Vamos investir nessas obras que ampliarão a capacidade de produção do Sistema Alto Tietê’.
O governador disse que já está providenciando a remoção de 80 famílias que invadiram há duas décadas uma área do governo estadual, que deverá ser alagada para o fechamento de Taiaçupeba. O problema com a empresa Manikraft – que se arrastou na Justiça desde a década de 70 – também foi resolvido, adiantou Alckmin. Essas medidas permitirão as obras complementares dessa barragem, que hoje armazena apenas 20% da sua capacidade total.
À tarde o superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Ricardo Borsari, explicou que não será preciso abrir concorrência para os novos investimentos: ‘Já existe contrato e as obras começam imediatamente. Em Taiaçupeba serão realizados serviços complementares. Também vamos investir para duplicar o sistema de interligação do serviço de bombeamento entre as represas. Os detalhes vamos informar mais adiante’.
O secretário Mauro Arce disse que não haverá atrasos. Essa possibilidade foi levantada porque nos últimos anos o DAEE e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vem brigando pelo controle do Sistema Alto Tietê: ‘Não haverá problemas. Uma parte das obras ficará com a Sabesp e outra será executada pelo DAEE. Os dois órgãos são ligados à Secretaria e, se houvesse problemas, então seria melhor o secretário sair’.