Da Reportagem
Mesmo com a indefinição quanto ao parceiro privado que irá investir na construção de um dos trechos do Rodoanel Sul, o Governo do Estado anunciou ontem que irá lançar no primeiro trimestre do próximo ano o edital de licitação para a contratação da empresa que realizará a obra.
O empreendimento, que facilitará o escoamento das cargas vindas do Interior paulista e de outros estados para o Porto de Santos, está, desde o início deste semestre, em fase de negociação entre a Secretaria Estadual dos Transportes e a Ecovias, empresa que tem discutido com o órgão formas de ser ressarcida, caso disponibilize os recursos para a construção.
Há duas semanas, o secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, afirmou que a parceria estava ‘‘praticamente descartada’’, em virtude das exigências da Ecovias. Porém o grupo privado, que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), pediu mais tempo ao Governo para apresentar uma nova proposta. A avaliação deverá ser feita até 10 de dezembro, quando se completa um mês da solicitação.
Paralelamente aos acordos, a asa Sul do projeto aguarda também o licenciamento ambiental. Conforme informou o secretário estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos Meirelles, o processo de liberação ‘‘está em sua fase final’’. A declaração foi feita durante o 24º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), na Capital. O secretário participou do painel sobre os gargalos que impedem o avanço das exportações brasileiras.
No encontro, Meirelles avaliou que o desenvolvimento do ‘‘Rodoanel é vital para a chegada de cargas ao Porto de Santos’’. Segundo ele, a mostra foi mais uma oportunidade de apresentar a defesa dos interesses do complexo portuário paulista, através dos portos de Santos e São Sebastião.
‘‘Estamos concentrando os esforços pelo complexo paulista, procurando desenvolver os dois portos, seja avaliando a ampliação de São Sebastião ou buscando saídas para os problemas de Santos’’, disse.
A atenção ao parque portuário do Estado é revelada pelo secretário com as medidas de atração de cargas. Segundo Meirelles, o Governo estadual vem tentando criar alternativas para facilitar a chegada das mercadorias aos portos.
‘‘Para Santos a construção do Rodoanel Sul vai possibilitar mais cargas, embora a Autoridade Portuária tenha que interferir na solução da demora de operação, movimentação de contêineres e os acessos internos do porto’’.
O secretário defendeu também a criação de um ‘‘grande corredor de exportação’’ que ampliaria a movimentação no complexo do litoral norte. Isso significa que das 400 mil toneladas movimentadas por ano atualmente, o atracadouro poderá operar ‘‘cerca de três ou quatro milhões de toneladas por ano’’.
Apesar da atenção àquele complexo, o secretário lembra que a operação não fará com que o cais santista venha a perder cargas, isso porque a demanda viria do Vale do Paraíba, de onde, tradicionalmente, as mercadorias seguem para o Rio de Janeiro.
‘‘Essa vazão por São Sebastião significará 5% da operação de Santos e, será com produtos que não embarcam por Santos’’. O sistema rodoviário integrado, assim chamado por Meirelles, seguirá de Campinas e São José dos Campos até o litoral norte do Estado.
O secretário estadual disse, ainda, que os acessos ferroviários continuam na pauta de medidas a serem incrementadas pela administração. ‘‘O acesso ferroviário ao Porto de Santos com o Ferroanel (anel ferroviário) poderá passar das projeções de 20% anuais, conforme a Autoridade Portuária, para 70%’’.
Ele lembrou que o grande problema enfrentado por este modal são ‘‘as concessões que foram mal administradas durante anos’’.
