Estado define cinco áreas para estaleiros

A Tribuna - Santos - Terça-feira, 7 de dezembro de 2004

ter, 07/12/2004 - 8h51 | Do Portal do Governo

Da Reportagem

Estudo do Governo do Estado identificou cinco áreas com potencial para abrigar estaleiros, para a construção de navios de médio e grande porte, nas proximidades do Porto de Santos. Além das já conhecidas como o terreno da companhia Nobara (em Guarujá) e a Ilha Piaçaguera (em Cubatão), do projeto Pinc, foram apresentados como opção um lote formado por cooperativas de pesca desativadas e duas glebas nas proximidades da Cosipa.

É a partir dessa seleção que técnicos do recém-criado Comitê Executivo da Indústria Naval Paulista (Ceinap) pretendem atrair, para a região da Baixada Santista, empresas com planos de montar estaleiros no País. A iniciativa dessas indústrias se deve, principalmente, aos planos da Petrobras de renovar sua frota nos próximos anos, explicou um dos técnicos do órgão, o representante da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Carlos Schinner.

O trabalho dos técnicos estaduais começou há cerca de 40 dias, com a sondagem das áreas. Em entrevista ao caderno Porto & Mar, na edição de 12 de outubro, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, João Carlos de Souza Meirelles, apontou quatro opções iniciais. Dessas, duas foram descartadas.

Uma das alternativas mantidas é a propriedade da Nobara, com 354 mil metros quadrados, dimensão suficiente segundo especialistas para instalação de uma indústria naval para embarcações de médio porte. Localizada no Complexo Industrial Naval de Guarujá (Cing), na entrada do estuário, ela conta com licença ambiental para o empreendimento e um calado de 15 metros.

Outra alternativa que permaneceu foi a Ilha Piaçaguera (também denominada Ilha das Cobras), na entrada do Canal de Piaçaguera, o acesso dos terminais portuários de Cubatão — Cosipa e Ultrafértil — ao estuário.

Atualmente, os proprietários da área buscam parceiros para instalar um estaleiro no local, projeto que recebeu o apoio da Prefeitura de Cubatão com o nome de Porto Industrial e Naval de Cubatão ou Pinc (veja matéria na página D-2).

Descobertas

Segundo Schinner, duas das novas opções são terrenos localizados no Canal de Piaçaguera, cada um com mais de 1 milhão de metros quadrados. Um deles fica no Dique do Furadinho, na margem direita da via marítima e anexo à área industrial da Cosipa. O outro fica na margem oposta e tem dimensões semelhantes. A quinta escolha do comitê localiza-se na entrada do Canal do Estuário e engloba um lote de 200 mil metros quadrados, obtido pela junção de terrenos de cooperativas de pesca desativadas, instaladas ao lado do estaleiro do Grupo Wilson Sons.

A sondagem das áreas foi concluída nas últimas semanas. De acordo com o técnico da secretaria estadual, a relação ‘‘foi puramente técnica. Não entramos no mérito de proprietários. Verificamos somente disponibilidade e localização’’.

Da relação original, foram descartados duas alternativas, os lotes nas proximidades do Largo Santa Rita (onde a Codesp planeja construir a ampliação do Porto de Santos) e do Sítio das Neves.

O trabalho envolveu a avaliação de todos os integrantes do Ceinap, formado por engenheiros da Secretaria Estadual de Transportes, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, da Dersa S.A., das universidades de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp), e Estadual de São Paulo (Unesp), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e das associações brasileiras das indústrias de Base (Abidib) e de Máquinas (Abimaq), além de técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Atração

Nas últimas semanas, as cinco áreas têm sido apresentadas para empresários de todo o Brasil, especialmente aqueles envolvidos com construção civil. De acordo com Schinner, somente agora, após a publicação do edital da Transpetro para a construção de 22 petroleiros (que ocorreu há duas semanas) , é esperada uma definição das companhias sobre a criação de estaleiros no País.

‘‘Agora, com o edital, os investidores começam a se mover, formar os seus consórcios e de definir onde pretendem ter seus estaleiros. Nossa meta é atrair essas empresas para a região de Santos, que reúne alguns dos principais atrativos para esse tipo de atividade’’, destacou Carlos Schinner.

Entre os fatores relacionados ao complexo portuário destacados pelo comitê estão a proximidade da Cosipa (responsável por 90% da produção de aço naval), o movimento do Porto de Santos (os navios podem precisar de reparos) e a presença de fabricantes de equipamentos para embarcações e de mão-de-obra qualificada no Estado.