Estado busca investimento chinês no porto

A Tribuna - Santos - Quarta-feira, 19 de maio de 2004

qua, 19/05/2004 - 9h13 | Do Portal do Governo

Da Reportagem

A expansão do Porto de Santos, a construção do tramo Sul do Ferroanel (melhorando o escoamento de cargas para o porto); a finalização da Asa Sul do Rodoanel e, até, a execução das avenidas perimetrais. Esses são os principais objetivos da delegação do Estado de São Paulo, que se juntará à comitiva do Governo Federal e empresários, que inicia uma viagem à China nesta sexta-feira.

Na entrevista coletiva concedida ontem no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin deixou clara sua disposição em trabalhar em sintonia com Brasília para atrair investimentos chineses na infra-estrutura para beneficiar o escoamento de carga pelo Porto de Santos.

‘‘Embora a responsabilidade (da expansão do porto) seja da Codesp, nós podemos ajudar a buscar parceiros para investir. O objetivo é trabalhar junto, integrar os esforços com o setor privado para podermos, rapidamente, fazer os investimentos’’, explicou Alckmin.

Ele detalhou os planos do governo paulista. A viagem ao país asiático contará com a presença de três secretarias do Estado. Entre elas, a de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, comandada por João Carlos de Souza Meirelles, único presente na explanação de ontem.

‘‘Nós vamos participar dessa missão com vários objetivos. A China tem grande interesse em investir no Brasil, especialmente em logística e infra-estrutura. São cifras que variam de US$ 2 a 3 bilhões podendo chegar a US$ 5 bilhões’’, afirmou Alckmin.

Sem entrar em detalhes quando perguntado por A Tribuna se havia alguma negociação em andamento entre os países, Alckmin ponderou: ‘‘O Governo vai abrindo portas, depois o setor privado vem fechando negócios’’.

Mas considerou que a missão à China poderá render ‘‘bons projetos na área portuária’’. E emendou: ‘‘Santos e São Sebastião’’, referindo-se à expansão de ambos os portos.

Xangai

As obras de infra-estrutura e logística seriam feitas baseadas nas Parcerias Público-Privadas (PPP), aprovadas no início do mês pela Assembléia Legislativa. Pelo modelo, a PPP estadual delega à iniciativa privada a execução de obras estratégicas, e o Governo oferece contrapartidas.

‘‘Mas não se resolve negócios complexos, que demandam estudos, em dias. Por isso vamos manter em Xangai, com a Bolsa de Mercadorias e Futuro (BMF), um escritório, para não perder nenhuma oportunidade’’. A inauguração desse escritório está sendo apontada como um dos principais objetivos do comitiva.

Barnabé-Bagres

O aumento do cais santista é defendido por Alckmin por ser uma área estratégica para o incremento das exportações. Segundo dados divulgados pelo governador, as exportações paulistas cresceram 28% no primeiro trimestre desse ano em relação ao mesmo período de 2003.

‘‘Imagine 1,2 bilhão de pessoas com o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo a 9% ao ano. O nosso desafio hoje é aumentar as exportações. Com o mercado interno (brasileiro) deprimido, o caminho é pisar no pé do acelerador (da exportação)’’.

A obra para expansão do porto está na mira de pelo menos duas companhias — os japoneses Grupo Mitsubishi e a siderúrgica Nippon Steel. O primeiro está interessado em arcar com um terço do negócio.

O projeto expansão do porto, denominado de Barnabé-Bagres, prevê um novo porto entre as ilhas de Barnabé e Bagres. O empreendimento teria 6 milhões de metros quadrados, elevando para 13 milhões de metros quadrados a área do complexo inteiro. Com a obra, a estimativa é de que sejam movimentadas 200 milhões de toneladas de cargas, saindo das atuais 80 milhões de toneladas.