Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) tem um projeto para revitalizar a Parada Pirelli. Depois de mais de 30 anos em funcionamento, a parada sai de operação nesta segunda-feira. A proposta da CPTM prevê a modernização das plataformas, com a instalação de catracas. O padrão de qualidade exigido é o mesmo aplicado nas demais estações da Linha D, que corta o Grande ABC. O projeto deverá ser detalhado nos próximos 15 dias, quando o governo se reúne com representantes da Pirelli e Prefeitura de Santo André, que se mostraram interessadas em que a parada ganhe status de estação. Mas, por enquanto, não há indícios de concretização das idéias.
A desativação foi definida pela CPTM porque usuários, que não eram empregados da Pirelli, invadiam a plataforma para não pagar a passagem. Por um acordo definido nos anos 80 entre a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) e a Pirelli, ficou estabelecido que só os funcionários da empresa poderiam utilizar as plataformas. Só que para não pagarem passagem, outras pessoas aproveitam o benefício. Uma auditoria da CPTM no início do ano constatou que dos 220 passageiros que usam diariamente a plataforma, só 27 são empregados da Pirelli.
Chegar até a parada de trens não é tarefa fácil. É preciso caminhar cerca de 30 minutos sobre os trilhos, se esquivando das composições. Desde 2004, 15 pessoas foram atropeladas, oito morreram. O presidente da Pirelli, Georgio Della Setta, reconhece os problemas da Parada Pirelli, mas considera prematura a desativação do ponto. “Estamos em uma fase de conversa com as várias partes interessadas (governo e prefeitura) e fomos surpreendidos por essa discussão de interromper a parada. Isso deveria ser feito quando se tivesse outra estação já funcionando.”
Para Dela Setta, a ociosidade da Parada Pirelli se deve à sua má localização. O executivo acredita que a plataforma seria melhor aproveitada se ficasse mais próxima da Estação Santo André, no entorno da avenida Giovanni Batista Pirelli. A mudança favoreceria os mais de 2 mil funcionários da TIM e os empregados de outras empresas que possam vir a se instalar na Cidade Pirelli. A proposta feita pela Pirelli também é defendida pelo prefeito de Santo André. João Avamileno (PT) afirma ter entregue no início do ano ao então governador Geraldo Alckmin (PSDB) um projeto com a nova estação Pirelli.
O projeto de estação estudado pela CPTM, no entanto, não tem qualquer relação com as propostas apresentadas pelo município e pela Pirelli. A idéia foi desenvolvida em 2000 e faz parte de um projeto funcional de modernização de serviços em todas as linhas da companhia. Apesar de antigo, muito do que foi previsto no estudo está sendo colocado em prática só agora pela CPTM, como a criação de três novas estações na Linha F, que vai do Brás a Calmon Viana, além da modernização de outras duas no mesmo trecho.
Um dos entraves que podem impedir que a Estação Pirelli saia do papel é o custo do projeto. A CPTM avisa que, apesar de ter desenvolvido um estudo para transformar a parada em estação, não tem dinheiro para bancar sua concretização. A Prefeitura de Santo André e a Pirelli afirmam que estão dispostas a ajudar a bancar a conta, mas querem que o governo do Estado também participe do rateio.
