Estação Pinacoteca recebe humor e irreverência da arte pop espanhola

Folha de S.Paulo - Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

qui, 16/02/2006 - 18h14 | Do Portal do Governo

ARTES PLÁSTICAS

Colagem de elementos marca Equipe Crônica

GABRIELA LONGMAN

DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de hoje, a Estação Pinacoteca recebe pinturas -e também serigrafias, linóleos e esculturas- cujo tema é a própria história da pintura. Nas paredes, releituras críticas e bem-humoradas de obras célebres de artistas como o cubista Pablo Picasso e o pop Andy Warhol, agregadas a elementos gráficos contemporâneos -de histórias em quadrinhos a cenas de cinema.

Os cerca de 60 trabalhos compõem a exposição da Equipe Crônica (ou Equipo Crónica, no original), dupla de artistas espanhóis -Manolo Valdés e Rafael Solbes- com produção especialmente concentrada nas décadas de 60 e 70. Com a curadoria do espanhol Facundo Tomás, os trabalhos pertencem à coleção do Instituto Valenciano de Arte Moderna.

Na primeira sala estão 16 óleos e duas esculturas. A curadoria apostou no didatismo, colocando, junto das legendas, também os quadros “originais” em que os artistas se inspiraram para as releituras. Assim, em “Homenagem a Picasso”, o espectador poderá reconhecer elementos pinçados de obras como “Pierrot” (1918), “Os Três Músicos” (1921) e “Les Demoiselles d”Avignon” (1907), possuindo ou não conhecimento prévio sobre esses trabalhos.

O humor, porém, nunca é leve e descontraído. Figuras macabras, máscaras e elementos ligados à morte pontuam vários dos quadros, trazendo uma acidez que reforça a crítica. É importante lembrar que estamos em plena ditadura de Francisco Franco (1892-1975), o que confere à arte pop espanhola características bastante diversas das de sua vertentenorte-americana. A obra “Panfleto” reflete com mais ênfase essa particularidade.

Por fim, vale atentar à sobreposição de elementos às vezes bizarra. A um retrato de Felipe 2º feito por Alonso Sánchez Coello em 1580 juntam-se referências aos “Construtores” (1950), de Fernand Léger, numa mescla -freqüente, diga-se- do dito clássico com o suposto moderno.

Na segunda sala, o princípio é o mesmo, porém aplicado sobre papel (principalmente serigrafias), permitindo um panorama mais amplo do movimento.

Branco

Simultaneamente, a Estação Pinacoteca inaugura “Brancos”, com trabalhos da paulistana Célia Euvaldo. Depois de uma fase em que trabalhou apenas com pretos, a artista migrou para telas inteiramente brancas, com pinceladas e raspagens sobre a superfície. À primeira vista, os quadros parecem similares, mas “é preciso deixar o olho acostumar um pouco”, segundo a artista, que recentemente expôs na 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre.

Equipe Crônica

Quando: abertura hoje; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 26/3

Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, Luz, tel. 0/xx/11/3337-0185)

Quanto: R$ 4

Brancos – Célia Euvaldo

Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 19/3

Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, Luz, tel. 0/xx/11/3337-0185)

Quanto: R$ 4