Estação da Luz terá passagem subterrânea

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 28 de julho de 2004

qua, 28/07/2004 - 9h09 | Do Portal do Governo

Dois saguões, de 1.200 m2 cada, vão interligar linhas do metrô a partir de 30 de setembro

GILBERTO AMENDOLA

O carpinteiro Afonso Mendes da Silva trabalha há oito anos em obras de grande porte. Mesmo assim, ainda se deixa encantar com a profissão. Atualmente ele trabalha nos subterrâneos da Estação da Luz. ‘Esse é o tipo de obra de que vou me orgulhar de ter participado. É para contar aos netos’, diz.

Até o dia 30 de setembro, Silva e outros 800 trabalhadores devem entregar dois saguões subterrâneos, de 1.200 metros quadrados cada, sob a Estação da Luz. As galerias servirão de acesso à Pinacoteca do Estado e às Ruas Cásper Líbero e Mauá e comportarão uma interligação com a Estação Luz do metrô e a futura linha 4 – Amarela (Vila Sônia-Luz).

Os saguões terão a mesma infra-estrutura de uma estação convencional:

escadas rolantes, elevadores, acesso para portadores de deficiência, bilheterias e lojas. Para os passageiros, a grande vantagem é que, assim como nos terminais do Brás e da Barra Funda, com uma só passagem ele poderá ir do trem para o metrô e vice-versa.

A expectativa é de que no fim do primeiro semestre de 2005 o projeto Integração Centro esteja concluído. Até lá, as estações Brás, Luz e Barra Funda estarão interligadas, permitindo, por exemplo, que o passageiro que o usar a linha de trem Expresso Leste, que sai de Guaianases, desembarque na Luz sem baldeação.

Com as novas possibilidades de acesso, o número de passageiros na estação deve aumentar. A estimativa é de que salte de 50 mil para 300 mil por dia.

‘Por isso, nossa opção por saguões subterrâneos. Com eles, a circulação do público será facilitada’, disse o engenheiro da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) responsável pela obra, José Augusto Bicalho.

‘Estamos construindo sob mais de cem anos de história. Todos os cuidados foram tomados para que nada afetasse a estrutura da estação’, completou o engenheiro. A primeira Estação da Luz foi construída em 1867 e era parte da linha entre Jundiaí e Santos. Para atender a crescente produção cafeeira, uma nova estação foi erguida entre 1895 e 1900.

A CPTM também está fazendo um trabalho quase artesanal na recuperação de vitrais, estruturas metálicas e pintura. Até em relação aos tijolos o cuidado tem sido grande. A companhia utiliza um material com as mesmas características do original, do século 19: os tijolos têm 28 centímetros de comprimento, 7 de altura e 14 de largura – exatamente como os trazidos, de navio pelos ingleses. Hoje, as réplicas são produzidas apenas em Piracicaba, no interior de São Paulo.

A fachada e o prédio da administração estão sendo reformados pela Secretaria da Cultura e pela Fundação Roberto Marinho. No local será inaugurado o Museu da Língua Portuguesa. Todo o trabalho está sendo supervisionado pelos órgãos do patrimônio histórico nas esferas municipal, estadual e federal.

‘Este é um projeto importante para a cidade. Ele está inserido em uma iniciativa de recuperação do centro’, diz o presidente da CPTM, Mário Bandeira. Foram investidos US$ 95 milhões: US$ 50 milhões do governo do Estado e US$ 45 milhões do BID (Banco Internacional de Desenvolvimento).

Para os passageiros, as mudanças são muito bem-vindas. ‘Passeio aqui com meu neto e espero que a estação fique bonita e conservada’, diz Nadir Corrêa, de 74 anos. ‘A integração entre o trem e o metrô vai facilitar a vida de muita gente’, completou Maria do Socorro, de 39.