Estação da Luz recupera cor original da fachada

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 5 de novembro de 2003

qua, 05/11/2003 - 10h25 | Do Portal do Governo

Construção, com nova iluminação, será entregue na véspera do aniversário da cidade

MARISA FOLGATO

Um surpreendente tom de amarelo forte, outro mais ameno vão tomando conta dos detalhes da fachada da Estação da Luz, misturados aos tradicionais tijolinhos à vista. Muito diferente do cinza que por anos dominou uma das paisagens mais conhecidas da cidade, na região central. ‘Chegamos à cor original depois de meses de estudo de pontos mais preservados das intempéries e de documentos ferroviários, disse a gerente-geral de Patrimônio e Meio Ambiente da Fundação Roberto Marinho, Silvia Finguerut.

Mas o efeito total da coloração mais viva só será revelado em 24 de janeiro, quando a fundação e a Secretaria Estadual da Cultura, parceiras no restauro da estação, vão entregar a primeira etapa da obra – a fachada com a nova iluminação – após oito meses de trabalho.

Inicialmente a festa estava programada para o dia 25, data de comemoração dos 450 anos de São Paulo, mas foi transferida para a véspera para não conflitar com tantos outros eventos programados. ‘A inauguração deve começar às 18 horas, para que a estação seja vista ainda à luz do dia e depois com a iluminação especial.’

Em julho, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deve entregar a integração de quatro linhas de trem com o metrô, ali na Luz. De acordo com a companhia, com isso o movimento, que já foi de 50 mil passageiros ao dia e passou para 25 mil com a obra, deve chegar a 400 mil pessoas por dia.

Mas os paulistanos ainda terão de esperar até janeiro de 2005 pela Estação da Luz da Nossa Língua, um centro cultural voltado para a valorização do idioma. Juntos, o restauro e a instalação do espaço cultural vão custar R$ 30 milhões, sendo R$ 5 milhões do Governo do Estado e o restante de parcerias com a iniciativa privada.

As obras internas ainda não começaram. ‘Estamos definindo os detalhes e aguardando a autorização da Prefeitura. As interferências já foram aprovadas nas três instâncias de órgãos de proteção ao patrimônio histórico’, conta Silvia, uma arquiteta paulistana que, desde seu estágio no Condephaat, em 1979, sonhava em ver a Estação da Luz recuperada. ‘Vai ser uma bela homenagem a São Paulo.’

O projeto prevê a utilização de tecnologia multimídia de última geração e espaços dedicados à capacitação de professores, salas de pesquisa virtual, biblioteca circulante e apresentação de contadores de histórias e repentistas. Sem contar as diversas formas em que o português é falado mundo afora.

Um dos pontos mais polêmicos da obra interna era a transformação do segundo andar num enorme espaço único de paredes brancas. ‘Mas ele fica na parte nova, construída após o incêndio de 1940 e foi aceito pelo patrimônio.’ O terceiro andar abrigará um auditório. ‘No primeiro pavimento fica a parte mais antiga, que deve ser mais restaurada do que adaptada’, afirma a gerente.