Especialistas discutem conceito de democratização cultural

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 31 de agosto de 2007

sex, 31/08/2007 - 13h00 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Foi aberto ontem pela manhã no Theatro São Pedro o 1º Seminário Internacional de Democratização Cultural, promovido pelo Grupo Votorantim, e que termina hoje. Mais de 3 mil pessoas se inscreveram para as conferências, mas apenas 500 foram aceitas, por conta da limitação física – em sua maioria, são gestores culturais de todo o País.

Segundo Yacoff Sarkovas, produtor que organiza o seminário, os conteúdos debatidos serão todos oferecidos na internet. São 23 debatedores se alternando nas discussões, que começaram com o próprio conceito de democratização cultural. A primeira conferência do dia seria do francês Olivier Donnat, responsável pelo programa Práticas e Consumos Culturais do Ministério da Cultura da França, e da brasileira Isaura Botelho, doutora em Ação Cultural pela USP.

O secretário de Estado da Cultura, João Sayad, ao discursar na abertura, utilizou a expressão ‘elite branca’, cunhada pelo ex-governador Cláudio Lembo, para se referir aos mais ricos. ‘Nós não devemos incentivar a arte erudita, porque é da elite branca? Ou devemos levar essa arte da elite branca à periferia?’, indagou Sayad, questionando os conceitos correntes de democratização cultural.

Sayad disse que também é papel do Estado propiciar a que populações de periferia possam ter acesso a produtos da indústria cultural. ‘Homem Aranha, Super-Homem, por que não?’ Mas também, indagou, além do acesso à produção da indústria cultural, também não seria fundamental propiciar o encontro com ‘a cultura que sobrou, face ao massacre da indústria cultural?’.

Segundo Sayad, sua secretaria recebe muitas sugestões sobre o tema, mas boa parte delas não resolve a questão. Ele afirmou que não gosta de utilizar argumentos economicistas para justificar a importância da cultura. ‘É verdade, a cultura gera empregos. Mas suponha que não gerasse. E aí, seríamos contra a cultura, a arte, a música?’

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, foi representado por Roberto Gomes do Nascimento, secretário de Incentivo e Fomento à Cultura. Nascimento falou que a noção de inclusão do MinC é ampla, e trata também de ‘garantir lugar não apenas em nossas platéias, mas também em nossos palcos’ para as populações alijadas do consumo cultural.

Ele citou dados do Ipea e do IBGE que mostram que 10% dos mais ricos são responsáveis por 40% do consumo cultural no País, e que apenas 18,7% dos municípios têm teatros, 17,2 possuem museus e só 7% têm salas de cinemas (418 dos mais de 5 mil municípios do País). Uma das ações-chave do ministério são os Pontos de Cultura, que são 650 no País hoje – segundo Nascimento, a meta é chegar a mil pontos até o fim do ano.

O conteúdo dos debates está no www.votorantim.com.br/democratizacaocultural.