Escolas têm merenda self-service

Diário de S. Paulo - Terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

ter, 17/02/2004 - 9h03 | Do Portal do Governo

Alunos de 400 unidades do estado podem escolher comida e servir-se à vontade

VIVIANE RAYMUNDI

O sistema self-service, comum em restaurantes de todo o país, chegou ontem a 400 escolas da rede estadual de ensino. No lugar do prato pronto, colocado nas mãos dos estudantes pela merendeira, um balcão térmico oferece as opções de alimento do dia e os alunos passam a ter o direito de escolha, de dosar sua porção e até repetir o prato.

Um dos objetivos é incentivar a autonomia da criança — mas o estado também espera diminuir o desperdício de alimentos. Nas escolas de São Bernardo, no ABC, onde o self-service existe desde 2002, a redução do desperdício foi de 50%, segundo a prefeitura.

Segundo secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita, o prato feito inibe principalmente o adolescente da 5ª a 8ª séries, que por vergonha dos amigos prefere não comer.

Ele acredita que, com o self-service, os jovens vão vencer a inibição e as crianças vão aprender a escolher e dosar o querem comer. “Até o fim do ano, o projeto estará em mais 200 escolas”, disse. A meta é implantar o self-service nas 4 mil escolas de ensino fundamental da rede estadual em até três anos. Atualmente, segundo Chalita, o estado gasta R$ 150 milhões por ano em merenda.

Novos hábitos

Para a diretora Luciene Souza Fidélis, da Escola Estadual João Boemer Jardim, em Brasilândia, Zona Norte, as crianças vão criar novos hábitos. “Há criança nessa escola que só conhece arroz e feijão, porque é só isso que ela tem em casa”, disse. O projeto prevê que os professores vão orientar os alunos para que eles experimentem de tudo e evitem desperdício. Ontem, na escola da Brasilândia, os próprios alunos tentavam entrar no espírito do projeto. “Amanhã vou pegar menos porque hoje deixei um monte no prato”, dizia Tainá dos Anjos Silva, de 7 anos, aluna da 2ª série.

Cardápio fornece base nutricional

Um cardápio com arroz, feijão, frango ensopado, purê, salada e frutas, como o servido ontem na Escola Estadual João Boemer Jardim, na Zona Norte, é o suficiente para a criança durante o período em que ela fica na escola — cerca de quatro horas. Segundo Monika Nogueira, nutricionista do Departamento de Suprimento Escolar (DSE) da Secretaria da Educação, a criança na escola deve consumir 350 g de alimentos calóricos e 9 g de proteínas. “Isso está no Programa Nacional de Alimentação Escolar”, disse. Nas escolas estaduais, a merenda deve ainda dar aporte de cálcio, ferro e vitamina C. Por isso, a refeição salgada (macarrão, outro tipo de carne, legumes e frutas), rica em ferro e vitamina C, é alternada com a doce, rica em cálcio. Na doce, as crianças têm uma bebida ou uma sobremesa à base de leite e um complemento, como flocos de milho, cereais ou bolachas.