Escola pública sobressai na Unicamp

Correio Popular - Sábado, dia 10 de junho de 2006

sáb, 10/06/2006 - 11h41 | Do Portal do Governo

Ingressantes com a ajuda do Paais tiveram média mais alta do que colegas

Os alunos de escolas públicas que ingressaram na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com a ajuda do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais) — que concede bônus de 30 ou 40 pontos sobre a nota final do vestibular — tiveram média mais alta no ano letivo de 2005 do que os seus colegas de classe em 31 dos 56 cursos de graduação. Também em 31 carreiras foi constatado que alunos do Paais conseguiram melhorar de desempenho, medido pelas classificações da pontuação do vestibular e da nota média obtida no primeiro ano de estudo. Na prática, é como se um aluno classificado na 50 colocação no processo seletivo ocupasse hoje o 34 lugar em seu curso, ganhando 16 posições.

Dados divulgados ontem pelo reitor José Tadeu Jorge apontam que houve aumento da participação de matriculados de escola públicas, mas quem entrou faz parte da “elite do ensino público”, já que o Paais mantém a disputa por não fazer uso de reservas de vagas. “O programa ampliou muito a inserção social, principalmente das classes mais baixas. A prova disto é que houve aumento de 13% no número de alunos provenientes de escolas públicas e com renda familiar de até cinco salários mínimos (R$ 1.750,00)”, disse Jorge, que tomou como base as médias bianuais de 2003/2004 e 2005/2006. Na questão etnia, também houve avanços. O Paais fez aumentar em 57% o número de ingressantes negros, pardos e indígenas.

Medicina

Os acadêmicos bonificados pelo Paais apresentaram desempenho melhor do que seus colegas de classe em seu primeiro ano de estudo na Unicamp em cursos de alta e baixa demanda. Em Medicina, por exemplo, a nota média do estudante do Paais após um ano na Unicamp foi 7,9, Já aqueles não beneficiados pelo bônus tiraram média 7,6. A bonificação do Paais corresponde entre 4% e 8% da nota final, dependendo do curso escolhido. “O nível de ensino no antigo 2 grau (hoje Ensino Médio) da escola pública é, em geral, inferior ao particular. Partindo deste pressuposto, apesar de todas as dificuldades, este alunos provenientes da rede pública se dedicam e se esforçam em continuar superando as dificuldades”, disse o reitor.

Com 19 anos, o acadêmico Enrico Silva Miranda se encaixa no perfil dos alunos que ganharam a bonificação do Paais e conseguiram ter média mais alta do que os colegas de classe que não aderiram ao programa. “A média da minha turma foi 0,68 numa escala de zero a um e a minha média foi de 0,74”, festejou. Miranda afirmou que seria aprovado sem o Paais, mas que o programa o incentivou a se inscrever na Unicamp porque havia o mito de que a prova era muito difícil. Natural de Conselheiro Lafayete (MG), ele fez o Ensino Médio público em Viçosa (MG). “O aluno da rede pública se esforça mais até por conta do seu histórico”, analisou.

O Paais é um programa nacional. “Ele difere do nosso programa de isenção, que só beneficia alunos provenientes de escolas públicas paulistas”, disse o pró-reitor de Graduação, Edgar Salvadori de Decca. Para divulgar o Paais na rede pública, a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) realiza palestras e distribui material didático sobre o programa. Os interessados devem ligar para o telefone (19) 3788-7665. O Paais, que é de participação facultativa, permite a adição de 30 pontos a estudantes que fizeram todo o Ensino Médio na rede pública e mais 10 pontos àqueles que se declararam negro, pardo ou indígena na nota final da 2 fase do vestibular. (Nice Bulhões/Da Agência Anhangüera)

Comvest anuncia novidade para o vestibular de 2007

Para o vestibular 2007, a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) anunciou uma mudança estrutural que beneficiará os vestibulandos.

“As notas mínimas de opção e as de corte das prioritárias deixarão de ser notas brutas e passarão a ser padronizadas”, anunciou o coordenador de pesquisa da Comvest, Maurício Urban Kleinke. “A importância desta mudança é que estas notas deixarão de sofrer forte influência de provas fáceis ou difíceis. “Um exemplo: no vestibular de 2006, a prova de matemática foi considerada a mais difícil, com média de 19 pontos, sendo que a média anterior (vestibular de 2005) foi de 23 pontos. A meta é estabelecer uma média para cada prova, evitando, assim, pontuações de prova tão diferenciadas entre um ano e outro.” (NB/AAN)